sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pesquisa mostra o potencial da energia solar para residências brasileiras

A construção do futuro terá que privilegiar sistemas de iluminação e ventilação natural, além de aproveitar energias alternativas, como a solar. Mas, até que ponto a geração fotovoltaica pode suprir as necessidades de uma família? Um estudo que buscou respostas a esta pergunta mostra que a energia solar é viável em cidades brasileiras como Florianópolis, Brasília e Manaus. Alguns dos resultados serão apresentados no XI Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Entac), que acontece de 23 a 25 de agosto, em Florianópolis, com o tema "Construção do Futuro".
Os estudos foram realizados por professores e estudantes do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (ligado ao Departamento de Engenharia Civil) e do Laboratório de Energia Solar (Departamento de Engenharia Mecânica), ambos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Através das simulações foi possível observar que, nas três cidades analisadas, existe um grande potencial em termos de disponibilidade de radiação solar.
No artigo aceito para apresentação a equipe destaca que, mesmo em condições desfavoráveis, de menor disponibilidade de radiação, nas três cidades a demanda por metro quadrado é inferior à energia solar disponível. A pesquisa também mostrou que existe um percentual importante de tempo em que a potência fornecida pelo sistema fotovoltaico é maior que a demanda elétrica da edificação.
Para a casa modelo estudada, este percentual fica acima de 30% das horas do ano, fornecendo o excedente de energia elétrica para a rede.
A simulação mostrou também que, para as três cidades em estudo, as semanas de máxima demanda ocorrem nos meses de janeiro e fevereiro - período de verão no hemisfério sul e meses em que ocorrem os maiores níveis de radiação solar em cada uma das localidades. Mesmo para Florianópolis, cidade de maior índice de variação da radiação solar, o estudo indica que nos horários de pico de carga da edificação (17h ou 18h), ainda existe uma boa disponibilidade de radiação solar. O caso mais desfavorável é a situação de maior demanda de ar condicionado à noite, sem geração fotovoltaica.
Foi utilizado nas simulações um programa computacional que possibilita análises de cargas térmicas e do consumo de energia em sistemas de aquecimento e resfriamento, ventilação e iluminação, além de integrar a geração fotovoltaica com o desempenho energético da edificação. O modelo residencial considerado foi um protótipo de edificação multifamiliar representativo para a classe média brasileira, de acordo com dados do IBGE e do Sistema de Informação de Posse e Hábitos de Consumo (Sinpha), da Eletrobrás. Segundo o trabalho, o protótipo representa 15% dos tipos de apartamentos residenciais utilizados pela classe média brasileira e apresenta um crescimento constante nas diferentes regiões brasileiras.
Saiba Mais:
- Em média, a energia total utilizada pela edificação modelo, somada ao longo do dia, é aproximadamente sete vezes menor (14%) do que a energia solar disponível.
- Em 2004, foi realizado um estudo preliminar de dimensionamento de sistema fotovoltaico no edifício do CREA-SC (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de Santa Catarina) localizado na cidade de Florianópolis, com a aplicação de painéis de silício policristalino na cobertura e fachadas, onde observou-se que, em média, até 51% do consumo de energia elétrica poderia ser suprido através da energia solar.
- Um outro estudo, realizado para a cidade de Tokyo, Japão, em 2005, mostrou que a economia de energia, utilizando módulos fotovoltaicos semi-transparentes aplicados à edificação com utilização nas janelas, foi de 54%.
- As edificações residenciais, comerciais e públicas, juntas, são responsáveis por 44,2% da energia elétrica consumida no país, sendo o setor residencial responsável por 21,9% e o setor comercial e público por 13,9% e 8,4%, respectivamente.
- As simulações foram desenvolvidas para Natal, Brasília e Florianópolis, em função da posição geográfica e características climáticas. As três cidades estão localizadas em áreas com diferente distribuição de radiação solar média anual do total diário para o plano horizontal. Em Brasília, a radiação global atinge um dos níveis mais elevados (6000 Wh/m2). Natal apresenta uma faixa intermediária (5300-5500 Wh/m2). Florianópolis apresenta os menores valores observados, entre 4500-4700 Wh/m2.

fonte: edificações blog

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