terça-feira, 30 de agosto de 2011

Paraná desperdiça a "eletricidade de cana"

O Paraná tem condições de erguer um parque gerador de energia de até 600 megawatts (MW) a partir da queima da biomassa (no caso, o bagaço) da cana-de-açúcar. Esse potencial, originado a partir de uma fonte renovável de energia, equivale a pouco menos da capacidade de uma turbina de Itaipu - cada uma das 20 máquinas da usina tem 700 MW - e poderia gerar eletricidade suficiente para as cidades de Curitiba e São José dos Pinhais, que juntas têm cerca de 2 milhões de habitantes.
O setor sucroalcooleiro do estado, entretanto, ainda não se preparou para aproveitar esse tipo de geração. Apenas seis das 30 usinas em operação no Paraná produzem, a partir da biomassa, mais energia elétrica do que consomem, vendendo o excedente para a rede de distribuição. Em 2010, as usinas do grupo Alto Alegre (nas cidades de Santo Inácio e Colorado) e as do Santa Terezinha (em Paranacity, Itapejara, Cidade Gaúcha e Terra Rica) geraram 1,2 mil megawatts-hora (MWh), revendendo aproximadamente um terço dessa energia para distribuidoras.

Incentivos
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As quatro unidades paranaenses da Usina Alto Alegre, que está habilitada para a produção de energia elétrica a partir do bagaço da cana desde 2001, produzem energia suficiente para abastecer uma cidade com 600 mil habitantes. "Nossa usina produz essa quantidade de energia elétrica durante sete meses por ano, durante a safra", explica o diretor agroindustrial das unidades de Junqueira e Florestópolis da usina, Cidisnei Gil Miguel. Para comercializar a energia, a usina utiliza as linhas de distribuição da Copel, pagando um pedágio à companhia pelo serviço. A comercialização é feita por meio de uma distribuidora, que "leva" a energia até o consumidor final.
Segundo o superintendente da Associação dos Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), José Adriano da Silva Dias, a falta de capital é o principal entrave para novos investimentos na geração de energia - os atuais equipamentos são capazes de gerá-la, mas são antigos e pouco eficientes.
"O bagaço, que era um resíduo, hoje é um subproduto. Mas para produzir energia é preciso readequar as fábricas [usinas]. O aumento na eficiência é para fazer sobrar bagaço e poder gerar energia excedente, mas isso tudo é investimento, e cada usina tem uma capacidade de endividamento diferente", explica. Segundo Dias, alguns grupos acabam optando por investir o capital disponível para outras finalidades, como o aumento da área plantada ou outros equipamentos.
"É [necessário] muito dinheiro, esse é o problema. Para assinar um projeto desses há uma série de exigências, como capacidade de endividamento e de moagem de cana, para tornar o projeto viável. Vai da prioridade de cada um", resume.
O potencial de energias renováveis para o setor de cana no Paraná foi calculado com base na safra de 2009 pela Diretoria de Engenharia da Companhia Paranaense de Energia (Copel). No início deste ano, a empresa abriu uma chamada pública para exposição de projetos de geração de energias renováveis - biomassa, eólica e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) - nos quais a companhia poderia se tornar sócia.
Há cerca de três meses, durante uma conferência com analistas e investidores, o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, revelou que a empresa tem em mãos "mais de uma centena de proposições" para projetos de parcerias. Mas a empresa disse que não poderia, por regras de mercado, informar quantos projetos são de biomassa.
Fonte: Google News / Protefer

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