O japonês Yukia Amano inicia nesta terça-feira seu mandato como diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), substituindo o egípcio Mohamed ElBaradei em meio ao crescente desafio representado pelo Irã devido ao seu polêmico programa nuclear.
Fontes diplomáticas de Viena dão como certo que os Estados Unidos, que apoiaram fortemente a candidatura de Amano, terão ainda mais influência na AIEA do que com ElBaradei, vencedor do prêmio Nobel da Paz em 2005, que em sua gestão tentou manter uma linha neutra.
"A expectativa é de um endurecimento da política de sanções contra o Irã", disse à Agência Efe uma fonte diplomática que pediu o anonimato. As principais potências ocidentais, sob a liderança dos EUA, acusam à República Islâmica de desenvolver um programa atômico militar clandestino, mas Teerã rejeita essas alegações e assegura que necessita a energia nuclear para fins pacíficos.
Outras disputas relacionadas ao uso da energia atômica, como é o caso de Coreia do Norte e Síria, também ocuparão a agenda de Amano, mas a polêmica com o Irã será o principal assunto de boa parte do começo de seu mandato de quatro anos, mais ainda depois que Teerã sequer esperou a posse do novo diretor para desafiar a AIEA.
Após mais de cinco anos de pressão da comunidade internacional para que Teerã suspenda o enriquecimento de urânio, o Conselho de Ministros iraniano aprovou ontem um projeto de lei para a construção de dez novas usinas para essa finalidade, legítima, embora de duplo uso, civil e militar.
A decisão de Teerã ocorre apenas dois dias depois de El Baradei reconhecer que o caso iraniano "chegou a um beco sem saída" e que o Conselho de Governadores do organismo deve aprovar uma resolução de condenação contra o Irã pela falta de transparência de seu programa nuclear.
O presidente do organismo iraniano de energia atômica, Ali Akbar Salehi, afirmou hoje que a decisão de seu país de erguer novas usinas nucleares é consequência da resolução de condenação aprovada na sexta-feira passada pela AIEA.
Ao mesmo tempo, o Irã pediu uma mudança na estrutura da agência por considera que a atual favorece as grandes potências, justamente as responsáveis por impulsionar a resolução condenatória, que abre espaço para um novo rodízio de sanções contra Teerã no Conselho de Segurança da ONU.
Após ser nomeado como diretor-geral pelo plenário da conferência geral da AIEA em setembro passado, Amano se esquivou de dar sua opinião sobre este conflito, limitando-se a expressar sua esperança no diálogo, e prometeu ser "imparcial, profissional e confiável".
O diplomata japonês, de 62 anos, destacou que a AIEA deve abordar um leque de problemas que inclui a mudança climática, questão na qual a tecnologia atômica aparece como alternativa mais limpa ao uso de combustíveis fósseis.
"Estes desafios são assuntos globais e o organismo tem a habilidade e responsabilidade de enfrentá-los com o uso de energia nuclear", acrescentou.
Fonte: POrtal Terra
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