Empresas de setores eletrointensivos, como as papeleiras e uma produtora de alumínio elevam os investimentos na geração própria de energia, para reduzir custos e evitar o risco de escassez do insumo. A produtora de papel, por exemplo, aumenta a participação da biomassa em sua matriz energética de 75% para 80% e também contabiliza a venda de créditos de carbono, prevista para acontecer a partir deste ano. “O governo garante que não haverá falta, mas nossas contas apontam que corremos este risco a partir de 2009”, diz o presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Horácio Lafer Piva. Líder na produção de papéis para embalagens, a empresa está aumentanto a participação da biomassa em sua matriz energética e melhorando o aproveitamento de resíduos florestais, segundo informações do presidente da empresa. “Alteramos as práticas de colheita, para aproveitar galhos finos e cascas de árvores, que às vezes são deixados de lado”, diz. Pou ressalta ainda que, no ano que vem, com a expansão da planta de Telêmaco Borba (PR), o consumo de biomassa pela unidade passará de 600 mil para um milhão de toneladas por ano. “Neste projeto não teremos redução da energia elétrica comprada, mas a substituição de óleo combustível, o que pode gerar mais créditos de carbono”, complementa o diretor de ambiente e energia da empresa. Com isso, a emissão de gases que causam o efeito estufa, atualmente em 600 mil toneladas por ano na planta, terá queda de 10%. A empresa registrou projeto na Organização das Nações Unidas (ONU) para vender, a partir de 2008, um total de 500 mil toneladas do gás, que deixariam de ser queimadas e valeriam 7,5 milhões de euros nos valores atuais. Para cada tonelada de óleo não queimada, a empresa obtém de US$50 a US$60, e deixa de emitir 3,1 toneladas de gás. A caldeira de força a biomassa a ser recebida pela companhia custará cerca de 40 milhões de euros. “O aproveitamento energético pode chegar a 90%. As empresas que têm biomassa tendem a usá-la no limite da capacidade técnica”, afirma o diretor. Ainda de acordo com ele, 35,9% da energia consumida por toda a empresa provém diretamente da biomassa e 39,5% do licor negro, obtido do mesmo insumo, dentro do processo de produção da celulose. Outros 14,8% provêm de óleo combustível, outros 5,4% de energia elétrica comprada e o restante de gás natural e pequenas centrais hidrelétricas (PCH). A Companhia de Alumínio, deve concluir em 2007 a Usina de Campos Novos, no Rio Grande do Sul. A previsão é que ela entre em operação a partir de março, para atender ao aumento de produção da empresa, de 405 mil para 475 mil toneladas anuais, já este mês. “A empresa só cresce com usinas próprias”, diz o diretor de vendas da companhia. Cerca de 50% da energia consumida pelos produtores de alumínio instalados no Brasil é produzida pelas próprias empresas, enquanto a média internacional é de 26%, diz Loureiro, que também é presidente da Associação Brasileira do Alimínio (Abal). Ainda assim, os investimentos tendem a continuar. “Não há outra maneira para as empresas crescerem, uma vez que temos os custos altos, apesar de todos os recursos naturais”, afirma o executivo, que está confiante na sensibilidade do governo para destravar projetos de expansão da produção de energia elétrica.
Fonte: DCI
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