quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Governo português aposta na energia hídrica

Um total de dez barragens e um investimento de mais de 1 milhões de euros até 2020. Um aumento da capacidade hídrica de mais 1100 megawatts e a redução da dependência energética de Portugal em relação aos combustíveis fósseis. O Plano Nacional de Barragens foi apresentado e deixou as autarquias, as empresas e os especialistas divididos...
O Governo elegeu a energia hídrica como uma das prioridades para o setor energético, uma vez que Portugal tem atualmente 54% do seu potencial hídrico por aproveitar. Até 2010, com a duplicação da central do Alqueva e os reforços de potência do Picote e da Bemposta, Portugal deverá atingir os 5575 MW de capacidade instalada. O objetivo é alcançar os 7000 MW em 2020, aproveitando 67% do potencial hídrico do país, à semelhança dos países de topo da União Européia como a Suécia e a Áustria.
Com os reforços de Picote, Bemposta e Alqueva e a construção da barragem de Baixo Sabor, este ano vão ser lançados projetos hídricos com capacidade para 2000 megawatts. “Em outras palavras, serão lançados mais projetos este ano do que nos últimos 20 anos”, afirmou o Ministro da Economia, Manuel Pinho, na apresentação do Plano Nacional de Barragens.
O objetivo do Governo com este Plano “é o de colocar Portugal no 3.o lugar na Europa em termos de energias renováveis, depois da Suécia e da Áustria”.
Ambientalistas e especialistas contestam
Os ambientalistas consideram que a construção das 10 novas barragens serve interesses econômicos e questionam sobre o fato de Bruxelas ter autorizado a construção da Barragem no Sabor por não haver locais alternativos. “Este plano (nacional de barragens) vem servir muito bem aos interesses econômicos, sobretudo dos grandes grupos que querem entrar no mercado da energia. Não há um esforço para aumentar a eficiência energética e a redução das emissões de dióxido de carbono dos edifícios e dos automóveis, que são as principais fontes de emissão”, disse Paula Chainho, da Liga para a Proteção da Natureza (LPN). Esta especialista defende ainda que o plano apresentado pelo Governo “é todo baseado” no pressuposto de que o consumo de energia vai continuar a crescer, criticando a ausência de qualquer estratégia para reverter essa tendência. “As barragens são sempre ‘vendidas’ à opinião pública como fontes de energia limpa e “verde’, o que é uma mentira. As próprias barragens são uma fonte de emissões – construção, manutenção e emissões, o que nunca é referido nem contabilizado, e tem impactos negativos muito graves”, adiantou Paula Chaínho.
O professor catedrático de hidrobiologia Rui Cortes também criticou a decisão do Governo. Para ele, a adoção de medidas que melhorem a eficiência energética, área em que “Portugal apresenta os piores níveis da Europa: não se está a fazer nada, não há planos para procurar melhorar a eficiência energética. Os gastos de energia estão a aumentar em Portugal muito mais do que o PIB, quando noutros países estes dois crescimentos surgem associados”, frisou. Também o biólogo Jaime Prata, da associação ecologista Campo Aberto, criticou a opção pela produção de mais energia, considerando que “o Governo devia colocar a tônica na eficiência energética e na poupança de energia” e realçando que Portugal poderia reduzir em “cerca de um terço” o consumo energético se aplicasse estratégias de eficiência em áreas como a construção de edifícios, indústria e agricultura.
Fonte: ABESCO

Nenhum comentário: