domingo, 13 de janeiro de 2008

O lado bom do aquecimento global

Empresas de todo o mundo descobrem que é possível ganhar muito dinheiro - e, de quebra, ajudar a salvar o planeta
Em outubro de 2007, a TXU, maior empresa de geração e distribuição de energia do estado americano do Texas, foi comprada pelos fundos de private equity Kohlberg Kravis Roberts & Company (KKR) e TPG. Dona de um faturamento anual de cerca de 10 bilhões de dólares, a TXU foi adquirida por 32 bilhões de dólares — soma que alçou a operação a uma das maiores até então realizadas por fundos de private equity no mundo. Embora vultosos, os valores envolvidos no negócio chamaram menos atenção que as nuances verdes que o coloriram. Para adquirir a empresa, o KKR e o TPG precisaram firmar um compromisso com dezenas de importantes ONGs, políticos e órgãos de governo ligados à proteção do meio ambiente: se a aquisição fosse concretizada, o plano estabelecido anteriormente pela companhia de construir 11 usinas termelétricas movidas a carvão (fonte de energia que mais emite gás carbônico) seria abortado. O pacto deixou claras duas posições dos fundos. A primeira é que eles não estavam dispostos a encarar uma briga com a liga ambiental que se formou para impedir que o estado do Texas, hoje o campeão em emissões de dióxido de carbono no país, colaborasse ainda mais para o aquecimento global. A segunda é que os fundos de private equity não estão interessados em financiar fontes de energia sujas — simplesmente porque podem perder dinheiro com isso.
O KKR e o TPG não são os únicos a seguir esse caminho. Segundo relatórios das Nações Unidas (ONU) e do The Climate Group, ONG internacional com sede na Inglaterra, em 2006 os investimentos em fontes de energia alternativas, como solar, eólica e hidrelétrica, dobraram em relação a 2004 e somaram 71 bilhões de dólares. Desse valor, 11 bilhões de dólares vieram de fundos de private equity. Para 2009, a estimativa é que esses investimentos cheguem a 100 bilhões de dólares. A magnitude desses valores é uma prova de que, passado um primeiro momento de apreensão e pessimismo em relação ao aquecimento global, o que o mundo vive agora é uma espécie de euforia com a descoberta das oportunidades que seu combate pode propiciar. "É como se da noite para o dia o patinho feio da economia global tivesse se transformado num cisne", diz um relatório publicado recentemente pelo The Climate Group.
Fonte: Planeta Sustentável

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