segunda-feira, 24 de março de 2008

Produção da Brenco poderá viabilizar construção

O principal entrave para a construção de um ramal do alcoolduto até Mato Grosso - produção mínima de 3,7 bilhões de litros de álcool nos próximos quatro anos – poderá ser superado pela Companhia Brasileira de Energia Renovável (Brenco), indústria que está se instalando na região de Alto Taquari (509 quilômetros ao sul de Cuiabá), com previsão de produzir 300 milhões de litros em abril de 2009. Matéria-prima não faltará: a empresa plantou em fevereiro deste ano 35 mil hectares de cana-de-açúcar, devendo moer 3 milhões de toneladas.
“O projeto da Brenco, na verdade, irá viabilizar a construção de um ramal do alcoolduto passando por Mato Grosso, uma vez que o plano da empresa é montar nos próximos anos um complexo usineiro de pelo menos 10 destilarias no polígono do sul do Estado, Mineiros (GO) e Norte de Mato Grosso do Sul”, explica o superintendente do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras (Sindálcool), Jorge dos Santos.
A expectativa é de que a Brenco produza mais de 3,8 bilhões de litros de etanol combustível por ano. “A Brenco está construindo um dos maiores projetos de etanol do mundo, incluindo o plantio, o cultivo e a colheita da cana-de-açúcar, bem como a produção, o transporte e a comercialização, no Brasil e no exterior, do etanol”, informa. A empresa será também uma grande geradora de energia elétrica a partir do bagaço da cana.
REUNIÃO COM LULA – O presidente Luís Inácio Lula da Silva reuniu-se ontem com a diretoria da Petrobras e os governadores de Mato Grosso do Sul e Paraná para definir a construção do alcoolduto ligando Campo Grande (MS) a Senador Canedo (GO).
“Mato Grosso do Sul também enfrentou dificuldades para ter o seu alcoolduto aprovado e conseguiu mostrar a viabilidade do projeto a partir da implantação de um parque sucroalcooleiro garantindo a produção de 3,8 bilhões de litros de álcool. O trabalho lá foi bem conduzido pelo governador André Puccinelli e acredito que com a chegada da Brenco a Mato Grosso poderemos fazer o mesmo trabalho de convencimento junto à Petrobras”, afirma Jorge dos Santos.
Para o ramal chegar a Mato Grosso, há duas opções: a primeira passando por Barra do Garças, através da BR-070, e a segunda pela BR-364 (Cuiabá-Porto Velho), entrando por Alto Araguaia.
O projeto original encaminhado pela Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) à Petrobras contempla a extensão do ramal até ao município de Nova Olímpia (225 Km ao norte de Cuiabá), onde está localizada a Itamarati, a maior destilaria de álcool do mundo, com capacidade de moagem de 6,2 milhões de toneladas de cana por safra.
O alcoolduto é considerado pelos empresários como a grande saída para o escoamento da produção até aos portos exportadores. “Não exportamos álcool por causa do problema da logística”, lembra Jorge dos Santos.
Atualmente o álcool produzido em Mato Grosso percorre uma distância de 1,6 mil quilômetros para chegar à refinaria de Paulínia. “Com o alcoolduto partido de Goiás, esta distância será encurtada pela metade, dando mais competitividade aos nossos produtos e viabilizando as exportações”, assinala.
O projeto do alcoolduto deverá entrar em operação ao longo dos próximos anos, de acordo com o cronograma de funcionamento das usinas e a ampliação da produção regional. A idéia é trazer o ramal do alcoolduto até Nova Olímpia, que em 2010 estará moeando 10 milhões de toneladas de cana.
Fonte: Diário de Cuiabá

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