quinta-feira, 10 de abril de 2008

Céu azul para aviões cada vez mais verdes

As mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global devido ao aumento das emissões de gases causadores do efeito-estufa tornaram-se não apenas um problema dos países de todo o mundo, mas também das empresas e da sociedade em geral.
Por esta razão, diretrizes para a redução de emissões de gases têm sido adotadas pelos governos, como o Protocolo de Kyoto. Com intuito semelhante surgiu a ISO 14001, mostrando a importância que as empresas devem dar às questões ambientais. Para conseguir essa certificação a companhia deve se comprometer com a prevenção da poluição e com melhorias ambientais contínuas, tornando o assunto parte integrante da sua gestão.
No caso da indústria aeronáutica, os progressos têm sido consideráveis. E, como conseqüência, ao longo dos anos as aeronaves têm se tornado mais "verdes", mais limpas e mais silenciosas.
Atualmente o setor aeronáutico responde por apenas 2% das emissões de dióxido de carbono feitas pelo homem. No mercado de transportes, é o setor que menos contribui para o impacto do CO2, considerado o principal vilão do chamado aquecimento global. Além disso, as preocupações com a tecnologia e a inovação, processos considerados permanentes e fundamentais na indústria aeroespacial, representam importantes aliados do meio ambiente. Graças ao aumento dos investimentos em pesquisa e tecnologia, o consumo de combucstíveis dos aviões caiu 70% desde a década de 1950. E a utilização de materiais compostos na construção das aeronaves de última geração, além de novos conceitos de aerodinâmica e reatores mais eficientes, resultou numa redução de 20% de CO2 em relação aos modelos anteriores.
A Airbus, por exemplo, com o lançamento do A380, uma silenciosa, moderna e eficiente aeronave de até 850 assentos, passou a transportar mais passageiros, a maiores distâncias e com menor emissão de carbono por passageiro transportado, o que significa maior eficiência energética e ambiental do que qualquer modelo de transporte anterior.
Recentemente a empresa, a primeira da indústria aeroespacial a ser certificada com o ISO 14001, estabeleceu como meta para suas operações industriais até 2020 a redução de 30% no consumo de energia e de 50% na emissão de CO2. O consumo de água será diminuído em 50% e a descarga de água, em 80%. A produção de resíduos e a emissão de solventes cairão a 50%. Além disso, todas as aeronaves produzidas pela empresa a partir de 2020 serão projetadas para emitir 50% a menos de CO2 e 80% a menos de NOx (óxido nitroso).
É importante ressaltar que para se produzir uma aeronave totalmente verde, com emissões zeradas, é necessário uma revolução tecnológica. Apesar dos avanços obtidos pela indústria aeronáutica, a descoberta de energias alternativas ao querosene ainda representa um desafio. O etanol, do qual o Brasil é um dos principais produtores, e que tem sido utilizado em pequenas aeronaves, não é completamente eficiente nos grandes aviões.
Esse biocombustível precisaria ser capaz de se manter em estado líquido em altas altitudes a uma temperatura em torno de 50 graus negativos. Ademais, para cobrir as necessidades das empresas de transporte em todo o mundo, seria necessária uma significativa expansão da produção de etanol sem o impacto ambiental do aumento das áreas plantadas. Como a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) prevê o aumento do tráfego aéreo em 5% ao ano para os próximos 20 anos, em função do crescimento da economia global, pode-se imaginar o tamanho do desafio.
Atualmente desenvolvem-se inúmeros projetos em âmbito global para assegurar o crescimento sustentável da indústria aeronáutica. Em todo o mundo buscam-se criar ambientes propícios à disseminação de conhecimento científico e tecnológico e à união de forças entre empresas, instituições de pesquisa acadêmica e outros parceiros na criação de novos projetos de energia alternativa.
O êxito alcançado pelo Brasil na produção de biocombustíveis pode ser decisivo para esse esforço, permitindo que o setor se desenvolva em um ambiente ecoeficiente, no qual as empresas alcancem não apenas o cumprimento das normas ambientais, mas também a redução cada vez maior dos seus gastos com combustíveis. Afinal, a indústria aeronáutica já sabe que o futuro depende da sua capacidade de mudar as suas cores para o verde.
kicker: Só 2% do dióxido de carbono na atmosfera é devido ao setor aeronáutico.
Fonte: ABESCO

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