terça-feira, 15 de julho de 2008

Portugal tem condições privilegiadas para energias alternativas

Comissão Política do PS Barreiro promoveu na noite de 12 de Julho um debate sobre o futuro das energias renováveis no contexto mundial. Para tal contou com a presença do biólogo e professor, recentemente galardoado Barreiro Reconhecido na área da Ciência, Augusto Baptista e do deputado europeu Joel Hasse Ferreira. Como um “tema presente e premente no nosso quotidiano, devido à enorme dependência dos humanos para com os combustíveis não renováveis” foi a forma como o líder da concelhia, Pedro Mateus falou do assunto que deu mote ao debate. A altura foi também aproveitada para o líder do PS local falar das iniciativas políticas levadas a cabo, informando os militantes de que “o verão será muito quente em oposição”.

Numa altura em os portugueses vêem o preço da gasolina disparar da noite para o dia, culpa do aumento do preço do barril de petróleo, as energias renováveis assumem-se cada vez mais como uma alternativa a defender para um desenvolvimento sustentável. Neste sentido, Pedro Mateus lembrou aquilo que diz ser uma panóplia de saídas para Portugal, nesta matéria, tais como o uso da energia eólica, solar e das marés, onde o investimento do país tem sido notável.
O protocolo, recentemente, assinado entre duas marcas de automóveis e o Governo Português foi elogiado por Pedro Mateus, por ser possível em 2010 adquirir um veículo eléctrico a preços acessíveis.
Para Augusto Baptista é na ciência e tecnologia que estão depositadas todas as esperanças para resolver o problema dos recursos não renováveis. Segundo explicou, hoje em dia tudo está calculado ao pormenor matemático, desde o aquecimento global, ao buraco do ozono, motivo pelo qual também as tecnologias têm evoluído para resolver quase tudo. Mas se assim é, lançou a questão, “porque é que não se faz”. “Por falta de uma estratégia política que é necessária”, foi a resposta encontrada pelo biólogo. Segundo lembrou, “cada vez que emerge uma crise ou choque petrolífero, temos sempre a reacção de que é algo que se pode contornar”. Pensamento errado, na opinião de Augusto Baptista porque “de vitória em vitória chegamos à derrota final”. Segundo explicou, “apesar de ninguém saber qual é a situação real dos combustíveis fósseis, é certo que um dia eles vão acabar. A questão é saber o que fazer, saber se esperamos pelo seu termine ou se agimos antes de se esgotarem”. Talvez o ideal, acrescentou Augusto Baptista, “será preparar uma transição que nos faça retirar os benefícios dos combustíveis fósseis sem os levar ao limite, situação em que o país pode assumir um papel importante. “Portugal tem peculiaridades que podem ser uma alavanca nesta matéria, não só por uma questão de dimensão, como também geoestratégica. Temos engenho, bons cientistas e bons campus universitários. Talvez um dia possamos arranjar um fulcro que puxe os nossos cientistas”, disse.
Os mil metros de costa e a energia solar foram apenas dois dos exemplos dados por Augusto Baptista como pontos a serem aproveitados. Para o biólogo “racionalizar os recursos existentes e criar uma alternativa energética seria uma extraordinária medida política, ainda que seja da opinião de que em Portugal está a investir na área”.
Joel Hasse Ferreira falou por sua vez da enorme pressão na procura por parte de países como a Índia e a China, que não terá tendência para diminuir, pelo contrário. Segundo explicou, “esta pressão é difícil de contornar e afecta todo o contexto europeu”. Na sua opinião, a vulnerabilidade dos Estados depende da capacidade de cada um no que toca à produção de petróleo, de energia nuclear e de energias alternativas. Ainda assim, salientou, “nada impede que se tenha uma coisa e se use outra. É o caso da Noruega que tem enormes produções de petróleo, mas resolveu apostar nas energias alternativas”.
Entre outros assuntos, o deputado europeu falou de exemplos de boas práticas além fronteiras, como o caso dos agricultores americanos que têm vantagens se venderem os cereais para a produção energética, em vez de para a alimentação”.
Em suma, “ganhar autonomia na Europa; aumentar a eficiência energética dos edifícios, transportes, industria e serviços, e na organização das cidades deve ser uma prioridade”. Para Joel Hasse Ferreira impera o desenvolvimento de veículos mistos; da implementação de medidas a nível local e de um reforço e apoio à investigação no sentido de se caminhar para uma política energética com sustentabilidade”.
FONTE: JORNAL DO BARREIRO

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