Quando, em outubro do ano passado, as Nações Unidas anunciaram um plano sugerindo a criação de um “New Deal verde”, a proposta parecia um pouco fora de lugar. Havia no horizonte dois problemas óbvios. A crise econômica estava corroendo investimentos em todo o mundo, e a área de novas energias não poderia passar incólume. Os preços do petróleo e de outras fontes de energia ditas sujas estavam em queda livre, após picos históricos. Sem a pressão dos preços ou dinheiro dos investidores sobrando, a comparação com o plano que nos anos 30 ajudou a tirar a economia americana do buraco parecia um exagero.
Praticamente quatro meses depois daquele iniciativa, a ideia não só foi ressuscitada mas também está sendo discutida amplamente como uma tábua de salvação para parte da economia mundial. Um dos principais motivos para essa transformação chama-se Barack Obama. Os investimentos no desenvolvimento de energias limpas tornaram-se peça central da política de estímulo americana. O governo dos Estados Unidos promete investir pelo menos US$ 15 bilhões em energias limpas apenas no país. O motivo da ênfase não é a intenção de salvar o mundo. É salvar a economia e criar 5 milhões de empregos.
Há grande expectativa, por exemplo, para a segunda Feira Nacional de Empregos Verdes que acontece em Washington, em fevereiro. A primeira edição do encontro, em 2008, não chegou a entrar no radar de quem não estava de alguma forma ligado ao assunto. Agora, empregos verdes ganharam até uma reportagem especial da edição de janeiro da revista de negócios Fast Company, em uma grande reportagem sobre os melhores postos para 2009.
Não se sabe ao certo qual o resultado dessa aposta, mas Obama não está sozinho nela. Em uma avaliação publicada no mês passado, a empresa de pesquisa especializada Cleantech informa que os investimentos em novas empresas do setor nos Estados Unidos, Europa, Israel, China e Índia saltaram de US$ 500 milhões, em 2001, para US$ 8,4 bilhões em 2008. Os investimentos diminuíram no último trimestre. Mesmo assim, o crescimento em relação a 2007 foi de 38%. Os campeões de atratividade foram, pela ordem, energia solar, biocombustíveis (incluindo etanol), transportes (carros elétricos, por exemplo) e energia eólica.
Sentados em uma das maiores reservas de petróleo do mundo, os Emirados Árabes Unidos reuniram no final de janeiro especialistas, investidores e governos na capital do país, Abu Dabi, para discutir o assunto e verificar as novíssimas tecnologias do setor. O Fórum Mundial de Energia do Futuro 2009 faz parte de uma ação coordenada de países do Oriente Médio que estão tentando transformar a região numa espécie de Vale do Silício da energia alternativa. O país promete investir a mesma montanha de dinheiro que os americanos (US$ 15 bilhões) no setor.
O Brasil está tentando não perder pé dessa corrida e aposta nos programas de biocombustíveis para fazer parte dessa liga. Falta saber se vai ter fôlego, agora que alguns gigantes resolveram entrar na competição.
Fórum Mundial de Energia do Futuro – O encontro foi criado em 2008 pelos Emirados Árabes Unidos para promover energias limpas. A segunda edição ocorreu em janeiro. O país está usando dinheiro do petróleo para virar a meca verde
Nenhum comentário:
Postar um comentário