segunda-feira, 23 de março de 2009

Política do País para substituir a gasolina

Com a volatilidade dos preços do petróleo, levando à mudança do patamar de US$ 100 para em torno de US$ 40 a US$ 50, no início de 2009, renascem as antigas críticas às energias renováveis e limpas. Para analistas menos comprometidos com a indústria do energético fóssil, as modificações dos preços do petróleo poderão ser circunstanciais no curto prazo. Contudo, à medida que o petróleo vai alcançando o pico de produção, nas próximas duas ou três décadas, a sua era de oferta abundante e barata vai se extinguindo.

Para o professor Cerqueira Leite, da Unicamp, não é o fim do petróleo, mas o término do período do óleo vendido a valores baixos, com incertezas na garantia do suprimento regular, em decorrência das graves divergências políticas nas principais áreas de extração. Ademais, é cada vez maior a conscientização dos povos, no que concerne ao irreversível fenômeno do aquecimento global, decorrente da queima do combustível fóssil. Daí a obviedade do desenvolvimento das energias alternativas e sustentáveis dos combustíveis fósseis, notadamente na área dos transportes.

Nesse contexto, é insofismável a potencialidade brasileira na oferta desses energéticos limpos e ecológicos. Graças ao excepcional desenvolvimento cientifico e tecnológico havido na agricultura e no processo industrial, nas últimas duas décadas, o custo da fabricação do etanol (álcool da cana) vem caindo, sucessivamente, nos diferentes anos-safra.

Desde os primórdios do ProÁlcool, no final de 1975, houve uma redução no custo da produção em mais de 70% e a indústria sucroalcooleira passou a ser altamente competitiva com a gasolina, desde que os preços do petróleo cru sejam mantidos na faixa de US$ 30 por barril ou acima dela. Também é larga a vantagem do etanol caboclo da cana, produzido no interior paulista, com o similar, obtido do milho americano, beterraba ou biodiesel. Outra excepcional condição do nosso etanol é que a cana-de-açúcar, de onde é retirado, não necessita de grande quantidade de produtos agroquímicos ou irrigação, o que é indispensável nas culturas alienígenas da soja ou milho. Quanto à produtividade, da mesma forma estamos à dianteira, pois a produtividade das nossas maiores indústrias é de mais de 6 mil litros por hectare, enquanto o etanol do milho alcança 3,5 mil litros por hectare (EUA) e o biodiesel da soja ou da mamona não supera 500 litros.

Consoante os órgãos planejadores, em 2025, o universo estará consumindo 1,7 trilhão de litros de gasolina. Graças à disponibilidade de terras agricultáveis, sem interferir na produção de grãos e da pecuária, o Brasil é o maior candidato ao suprimento dessa fantástica demanda. Para tanto, serão necessários o adequado planejamento, políticas governamentais, marcos regulatórios, investimentos financeiros, armazenagem e alcoodutos para o escoamento, terminais marítimos e recursos humanos.

Nos dias atuais, a cana de açúcar é a planta compeoníssima na conversão fotossintética. A gramínea encontrou um habitat favorável nas terras paulistas, que respondem com 65% da produção nacional. Doravante, a expansão da cana-de-açúcar far-se-á com a crescente mecanização agrícola, implantando-se a colheita, com a eliminação das queimadas até a sua abolição total. Não haverá inconveniente no campo social, com a possível demissão de trabalhadores rurícolas, eis que se tratam de empregos de qualificação e salários baixos.

No próximo período de produção (safra 2009/2010), o Brasil consolidará a sua liderança mundial na produção canavieira com o esmagamento de cerca de 600 milhões de toneladas, o que representará mais de um terço da produção do globo. Nos vindouros períodos, os produtores de equipamentos, como é o caso da Dedini, e os órgãos de pesquisa deverão preocupar-se, mais ainda, com o aproveitamento dos resíduos lignocelulósicos da cana (bagaço e palha), que deverão constituir a matéria prima de uma nova geração de biocombustíveis renováveis, consoante assevera o pesquisador Régis Leal.

fonte: DCI

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