quinta-feira, 28 de maio de 2009

CASAS DE BLOCOS DE ISOPOR E O ESGOTO VIRA ENERGIA

Com a presença do presidente Lula, a construtora britânica Ultra Green, subsidiária do banco Hichens & Harrison Co, irá doar às obras do PAC, em Manguinhos, no Rio, um protótipo de sua casa popular, desenvolvida com tecnologia ambiental e testada em vários países do Primeiro Mundo. Em entrevista ao MONITOR MERCANTIL, o presidente da Ultra Green nas Américas, Pedro Moreira Leite, afirmou que a empresa está trazendo para o Estado do Rio investimentos da ordem de US$ 17 milhões para montar sua primeira fábrica no Brasil. No longo prazo, há previsão de, pelo menos, mais cinco fábricas, além de operação de abertura de capital.

"A Ultra Green é uma empresa de tecnologia verde e sustentável. Nossas casas populares usam blocos de isopor grafitado, permitindo a construção em tempo cinco vezes mais curto, com economia de 20%", informou Moreira Leite, que também comanda o Hichens, Harrison & co na América Latina. Segundo o executivo, o Brasil se transformará na central do grupo para os ramos de energia e construção sustentável. Nos EUA, a Ultra Green já se credenciou para participar, por enquanto em New Orleans, do pacote de US$ 4 bilhões que o governo Barak Obama lançou para a construção de casas para a baixa renda.

De olho no PAC

"Estamos introduzindo essa tecnologia no Brasil. A idéia é começar com 20% das vendas para o PAC e 80% para clientes particulares", prosseguiu Moreira Leite, sublinhando que a construção verde produz apenas 2% de resíduos e gera créditos de carbono. "Com o gerenciamento renovável, o esgoto se transforma em energia. A água também é recuperável, não para o consumo humano, mas para irrigação de jardins e outros fins", contou o executivo.

Os blocos de isopor grafitado são excelentes isolantes térmicos e acústicos, proporcionando economia de energia da ordem de 70%. "A temperatura produzida por um ar condicionado durante 20 minutos é mantida por muito tempo, graças à tecnologia verde contida nos blocos". A Ultra Green é capaz de produzir em diferentes escalas. "Nosso sistema de esgoto pode ser usado em construções que vão desde uma casa apenas, prédios, bairros ou até mesmo uma cidade", comentou o presidente da companhia, que, além dos EUA, atua em países da África, na Arábia Saudita, Dubai e tem projetos em Israel, Europa. Além disso, o grupo já está recebendo encomendas da Venezuela, Equador e Argentina. Neste último país, ganhou um contrato para o fornecimento de seis balsas geradoras de energia com a capacidade de 90 MW no valor de US$ 35 milhões cada.

Patente própria

Mais de três milhões de casas já foram construídas no mundo a partir da tecnologia desenvolvida pela Ultra Green. Entre as construções em geral, o número chega a 4 milhões. "No Brasil, se tudo der certo, em dez anos, serão construídas cerca de 81 mil unidades habitacionais, acumulando vendas de US$ 430 milhões", prevê Moreira Leite. No último mês, ele esteve em New York para abertura da filial da empresa em Manhattan. Nos EUA, a companhia também vai investir US$ 250 milhões para implantar um sistema de transformação de lixo em energia e uma unidade experimental de biodiesel através de algas.

No apoio de seus negócios de construção, a Ultra Green tem sua própria equipe dedicada a facilitar nas pesquisas científicas, que está continuamente desenvolvendo novos produtos e inovações na sustentabilidade e na redução de emissões de carbono na indústria da construção.

Durante os últimos trinta anos, as equipes de gerenciamento têm se especializado na fabricação de componentes e na administração dos projetos. "Nosso objetivo é provocar um impacto real e duradouro nas necessidades de moradia e energia no Brasil na segunda década do século vinte e um. Procuraremos maximizar o uso de mão-de-obra local e não qualificada em todos os projetos, além de fornecer programas de treinamento para todos os níveis de habilidade", garante Moreira Leite, lembrando que esse tipo de projeto é um poderoso estímulo para as economias locais.

"Procuramos fazer da nossa tecnologia e qualidade de serviço uma chave capaz de integrar com programas de regeneração social, gerando, inclusive, empregos para idosos e mulheres, tendo em vista que o sistema de construção não exige qualificação técnica", enfatizou. "O objetivo da tecnologia que desenvolvemos é substituir os métodos convencionais de construção, fornecendo projetos de moradias ambientalmente sustentáveis de alta qualidade, baixo custo, e o mais importante, incorporando soluções ecológicas em todos os aspectos dos negócios da empresa e suas dinâmicas", resume o presidente da Ultra Green.

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