A visita a Belo Horizonte dos técnicos do banco de fomento alemão KFW e da GTZ, agência germânica de desenvolvimento, na segunda-feira, será o ponto de partida para a transformação do Mineirão e do Mineirinho numa central geradora de energia elétrica, à base de radiação solar durante a Copa de 2014. Johannes Kissel, do KFW, e Karim Chih, da GTZ, se reúnem às 9h30 com representantes do governo do estado e da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para começar a pôr a ideia no papel com a definição de custos, de condições para o financiamento do projeto e das dimensões de uma usina ambientalmente correta. À tarde, Kissel conhecerá a termelétrica solar que a Cemig montou no câmpus 2 do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), em fase de testes.
O modelo de uma central geradora de energia a partir dos raios do sol no Mineirão e no Mineirinho tem como inspiração os sistemas implantados nos estádios da cidade alemã de Freiburg, considerada a capital solar do país, e de Berna, na Suíça, informa o engenheiro Alexandre Heringer Lisboa, que se dedica a projetos de energia renovável da Cemig. Ele visitou os dois estádios solares famosos no mundo em abril, quando os primeiros contatos com o KFW e a GTZ foram feitos.
Números ainda preliminares indicam para uma capacidade de geração de 2 megawatts da central a necessidade de investimentos de 6 milhões de euros, o correspondente a R$ 17,1 milhões pelo câmbio de sexta-feira. Seria energia suficiente para iluminar 2 mil casas, segundo Alexandre Lisboa. “O KFW e a GTZ deram sinal firme no sentido de financiar o projeto, já que o mundo procura fontes limpas e renováveis de energia para ajudar a reduzir o aquecimento global”, afirma. O passo seguinte já está sendo discutido pela Cemig com a PUC Minas, para medição da radiação solar sobre a cobertura do Mineirão e do Mineirinho, o que deve ser feito no fim do mês que vem.
A radiação solar será captada por painéis fotovoltaicos, base da energia elétrica gerada pela central. Essa energia, explicou Alexandre Lisboa, vai ser incorporada ao sistema interligado da Cemig. A montagem dos equipamentos, parte mais cara do investimento, deve levar três a quatro meses, mas há uma série de providências a serem tomadas para que a usina fique pronta até 2013, quando tem de estar finalizada toda a estrutura para receber os jogos da Copa do Mundo. Lisboa estima dois anos de trabalho, entre a definição do projeto e a implantação no complexo Mineirão e Mineirinho.
O governo do Rio de Janeiro também estuda ideia semelhante para o Maracanã, com o Instituto para o Desenvolvimento de Energias Renováveis Alternativas na América Latina (Ideal) e a Universidade Federal de Santa Catarina. De acordo com Lisboa, da Cemig, Belo Horizonte tem a vantagem de já ser classificada como a capital solar brasileira. Cerca de 2 mil prédios na cidade dispõem de aquecimento de água pelo sistema de captação da radiação solar. “É o maior índice entre as capitais”, diz o engenheiro da Cemig. A radiação solar média anual estimada em BH é de 200 watts por metro quadrado.
Outra ideia é a instalação no Mineirão e no Mineirinho de uma amostra da usina termelétrica solar montada pela concessionária no câmpus do Cefet-MG. Johannes Kissel, que é coordenador de energias renováveis da GTZ Brasil, visitará a usina para avaliar a experiência pioneira. Karin Chih é gerente sênior de projetos do Departamento de Infraestrutura Econômica e Setor Financeiro para a América Latina e Caribe do banco alemão KFW.
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