A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) deu mais um passo para comprar menos energia da rede e gerar seu próprio insumo elétrico. Com investimento de R$ 6,4 milhões, a concessionária instalou equipamentos que aceleram o processo de biodigestão de lodo na estação de tratamento de esgoto (ETE) de Barueri, tornando possível obter mais gás metano para, assim, ampliar a geração própria de eletricidade, hoje de cerca de 7,1 MW, garantidos por duas PCHs. O consumo total da concessionária é da ordem de 2 mil MWh.
Os primeiros experimentos com microturbinas e motogeradores na ETE Barueri foram realizados em 2004, em projeto executado pelo Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio), da USP (Universidade de São Paulo). Na época, o potencial de produção de biogás identificado nas estações de tratamento da Sabesp era suficiente para uma demanda de 20 MW, sendo 10 MW apenas em Barueri.
O sistema que possibilitou uma homogeneização mais adequada em quatro dos oito tanques de lodo da ETE Barueri foi fornecido pela Siemens Water Tecnologies. Os novos equipamentos substituíram máquinas originais instaladas em 1988. A vantagem do novo sistema é que a injeção de gás que movimenta a massa orgânica é feita em 12 pontos de cada tanque, de 23 m de profundidade por 30 m de diâmetro, e não apenas em um ponto, como no sistema antigo.
Além de reduzir o ciclo de biodigestão de 40 para 25 dias, o novo sistema proporciona uma economia marginal de consumo de eletricidade da ordem de 25%, segundo Amarildo dos Santos, engenheiro da Área de Empreendimentos da Sabesp.
Agora a perspectiva é de que a Sabesp substitua todos os sistemas antigos, não somente nos quatro tanques restantes da ETE Barueri, como também nas unidades São Miguel Paulista e ABC. O resultado mais positivo, no entanto, é esperado em Barueri, a maior estação da companhia, com capacidade para processar 9.500 l/s de esgoto. Em cinco anos haverá ampliação para dar conta de 14.250 litros/segundo, permitindo acelerar a limpeza do rio Tietê.
As despesas anuais da Sabesp com eletricidade giram em torno de R$ 440 milhões. Por isso, a empresa foi uma das primeiras do setor de saneamento básico a criar um departamento exclusivo para gestão de energia. Entre as diversas iniciativas que a companhia vem realizando nos últimos anos estão a revisão de contratos e a migração de unidades para o ambiente livre de contratação. Essas duas ações, isoladamente, resultaram numa economia anual de R$ 127 milhões.
Mudanças no Procel Sanear
A busca incessante por cortes de gastos é consequência também de mudanças regulatórias no setor de saneamento. A ordem é ser mais eficiente, sobretudo no plano econômico-financeiro.
Por isso, juntamente com Embasa (Empresa Baiana de Água e Saneamento), Copasa (Companhia Mineira de Água e Esgotos) e Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal), a Sabesp é uma das maiores captadoras de recursos oferecidos em concorrências promovidas pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), através do Procel Sanear, programa gerido pela Eletrobrás. Teve recentemente 12 projetos aprovados, entre 57 propostas encaminhadas por concessionárias de todo o Brasil.
No momento, o Procel Sanear está sendo adaptado às mudanças na governança corporativa da holding, conta o gerente da Divisão de Eficiência Energética na Indústria e Comércio do programa, Marco Aurélio Moreira. A tendência é de que os recursos para projetos de eficiência - em geral, a fundo perdido - passem a ser viabilizados por meio de outros mecanismos previstos em lei.
Nesse sentido, dois protocolos de intenção com a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estão em fase final de avaliação e deverão ser assinados em breve. Ambos prevêem intercâmbio de informações entre o Procel Sanear e as duas instituições.
No primeiro caso, o objetivo do convênio é dar suporte à CEF para formatar uma linha específica destinada a financiamento de projetos com base em preservação ambiental e mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL). Já em relação ao BNDES, a idéia é dinamizar o Proesco (Programa de Apoio a Projetos de Eficiência Energética).
Moreira informa também que o Procel Sanear parte agora para uma segunda etapa, voltada à capacitação de técnicos, visando aprimorar a gestão energética em companhias de saneamento.
Depois de um amplo trabalho com empresas estaduais, foi assinado em maio um protocolo com a Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae) para treinamento de pessoal dos departamentos públicos de água e esgoto. A execução desse programa deverá ser implementada por meio de convênio com a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), cuja abrangência é nacional.
fonte: procelinfo
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