Apesar de as regras para os leilões de venda de energia ainda desfavorecerem as usinas de cana, o setor avalia que avanços estão sendo alcançados no Brasil para que o grande potencial da biomassa para a geração de eletricidade possa ser aproveitado, segundo especialistas presentes no Ethanol Summit, realizado em São Paulo.
Atualmente, o setor já vendeu, via leilões, 3.200 MW médios, montante que representa menos de 10% da capacidade esperada de oferta de bioeletricidade até 2020. O total vendido até o ano que vem, entretanto, considerando a atual matriz elétrica brasileira, equivale a apenas 3,2%.
Mas a participação da bioeletricidade no sistema deve aumentar.
A perspectiva para o final da próxima década é de que a venda de eletricidade de produtos de cana represente cerca de 20% do total do faturamento do setor sucroalcooleiro no Brasil, que poderá atingir ao todo R$ 97,5 bilhões em 2018, segundo cálculos apresentados nesta quarta-feira pelo consultor da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Carlos Silvestrin, também vice-presidente da Associação Paulista de Cogeração de Energia (Cogen).
Obstáculos referentes a licenciamento ambiental e de conexão com o sistema elétrico já estão sendo superados, destacou Silvestrin.
"Mas sobre o reconhecimento das externalidades da bioeletricidade, esse trabalho ainda está parcial. Achamos que tem mais espaço para crescer", disse ele, observando que a eletricidade produzida a partir de biomassa é menos poluidora do que aquela gerada a partir de óleo, por exemplo.
Atualmente, entretanto, as regras para a venda antecipada de energia ao sistema elétrico acabam favorecendo mais a térmica com fontes fósseis, como o óleo e carvão, que apresenta no leilão um custo fixo menor, equivalente ao valor pago para ela ficar parada - tal custo aumenta quando ela é chamada a operar.
Quando se faz o leilão, considerando essas regras, aparentemente o custo fixo da térmica movida a bagaço de cana fica mais elevado, explicou o professor Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Energia Elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Otimismo
Mas o setor tem conseguido "quebrar" as dificuldades impostas pela metodologia por meio do leilão de reserva, no qual o empreendedor não é obrigado a entregar toda a energia vendida no primeiro ano.
No ano passado, esse leilão exclusivo para biomassa contratou cerca de 500 MW médios. E a expectativa do setor é de tais operações exclusivas por fontes se repitam todos os anos.
"Acredito que é muito possível que passemos a ter leilões por fontes. Consigo admitir que a partir do ano que vem vamos ter novamente um leilão específico por fontes, no caso a biomassa," declarou Silvestrim, destacando que grandes grupos empresariais têm cada vez mais demonstrado interesse em agregar valor à produção de cana por meio da eletricidade.
Ele afirmou ainda que outra opção é o mercado livre, que tende a ficar com 30% da capacidade de geração de bioeletricidade.
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