quarta-feira, 5 de agosto de 2009

ARTIGO: Base do império das fontes de energia renovável

A oferta de etanol de primeira geração a partir da cana de açúcar se consolida e se torna o mais importante meio de expansão mundial dos interesses das grandes empresas transnacionais para o controle das fontes de energia renovável a partir da biomassa.

Esse domínio do etanol como complemento aos combustíveis líquidos derivados do petróleo se afirma em consonância com a constituição do Império das Fontes de Energia Renovável[1], no âmbito do qual o Brasil passa a ter papel fundamental como plataforma de geração e incorporação de inovações tecnológicas e da promoção internacional da oferta desse produto.

As inovações tecnológicas tanto no nível da oferta de matéria prima como na produção industrial do etanol têm sido resultado da associação entre a privatização da ciência e da tecnologia por grandes empresas transnacionais com as iniciativas e apoios governamentais e das agências multilaterais, propiciando assim, através do patenteamento tecnológico, a concentração e centralização econômica financeira mundial da oferta do etanol (e seus usos múltiplos), assim como a desconstrução de diversos "mundos", desde aquele do camponês até o dos mercados de commodities, subordinando aos interesses corporativos privados territórios, populações, bens comuns, a natureza, a biodiversidade e, mesmo, amplas parcelas da sociedade civil.

INTRODUÇÃO:

A resistência social a essas iniciativas anti-sociais e anti-ecológicas se multiplica das mais distintas formas, apesar da envergadura e da violência das ações diretas e indiretas dos impérios setoriais que controlam as fontes renováveis e não renováveis de energia no planeta.

As redes mais variadas que articulam as incomensuráveis iniciativas populares locais, regionais, nacionais e supranacionais para garantirem um balanço energético social e ecologicamente mais harmônicos e mais duradouros ensejam que o modo de produzir a energia de fontes renováveis seja coerente com os princípios e formas de realização ecológica e seja socialmente democrático, descentralizado e participativo. No entanto, as grandes empresas transnacionais do Império das Fontes de Energia Renovável, além de se apropriarem das idéias que nasceram na sociedade civil, implantam um modo de produzir a energia de fontes renováveis que é incompatível com a reprodução da vida social e ecologicamente desejáveis.

Tanto a oferta da matéria prima para a produção do etanol como para o agrodiesel (entre outras fontes renováveis de energia) foram objeto de propostas da sociedade civil de maneira que essa expansão de matérias primas propiciasse melhores condições de vida e de trabalho para milhões de camponeses em todo o mundo. No entanto, a ampliação contemporânea da oferta de cana de açúcar e de oleaginosas reproduziu um modo de produzir similar ao colonial, mas agora sob o domínio das grandes empresas capitalistas, provocando um processo combinado de dependência crônica dos camponeses e de superexploração dos trabalhadores rurais assalariados pelas grandes empresas capitalistas nacionais e ou transnacionais do agronegócio. Além da pressão que a monocultura da cana de açúcar no Brasil exercem sobre a produção de alimentos, as florestas, as terras agricultáveis, a água doce e os bens comuns.

A tendência dominante de oferta de energia a partir de fontes renováveis em todo o mundo reproduz o controle oligopolístico por grupos de empresas transnacionais de forma similar ao que ocorrem em outros setores da economia. E esses grupos econômicos além de privatizarem a ciência e a tecnologia tornam o progresso técnico para a ampliação e diversificação dos usos das fontes renováveis de energia um instrumento eficaz para a afirmação dos alicerces do Império das Fontes de Energia Renovável.

Na dinâmica contraditória da constituição dessa afirmação e consolidação oligopolística das fontes de energia renovável se tece uma rede econômica, política e ideológica dominante (com sentido hegemônico) que submete as mais distintas dimensões da vida pessoal, familiar e social, assim como o Estado, à racionalidade do negócio burguês e à mercantilização de todas as dimensões da vida. Nesse processo dominante ocorrem desconstruções de diversos "mundos", desde o do camponês até o do espaço público e, nele, o da cidadania.

A pressão da sociedade civil para a redução continuada da percentagem de participação das fontes de energia não renováveis na composição das matrizes energéticas nacionais e mundial teve e tem a intenção maior de que oferta a partir das fontes de energia renováveis se subordinassem aos princípios da étnoecobiodiversidade e da equanimidade social, ambas indispensáveis para uma melhor qualidade de vida societária, ambiental, social e das pessoas em todo o mundo.

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