quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Projeto que dará volta ao mundo em avião solar entra na reta final

Seis anos de intenso trabalho, cálculos, simulações e testes foram necessários pela equipe de 70 pessoas para completar uma aeronave totalmente inédita: o Solar Impulse, avião totalmente movido à energia solar. O projeto, de autoria do aventureiro Bertrand Piccard, pretende construir e voar em uma aeronave que não usa combustível fóssil e não emite nenhum poluente e com ela dar a volta ao mundo. A missão é divulgar fontes alternativas de energia não-poluentes e estimular sua pesquisa.

O projeto teve seu início em 2003. Mas o primeiro protótipo do Solar Impulse, batizado de HB-SIA, só foi apresentado este ano, no dia 26 de junho, ao público. A missão deste primeiro protótipo é demonstrar a viabilidade de um vôo de 24 horas, voando um dia e uma noite inteiros apenas com a energia solar. O avião está se preparando para fazer seu primeiro vôo este semestre.

Os resultados desse primeiro vôo e a sua análise servirãor para desenvolver e construir um segundo avião, já intitulado de MP-SIB, que circunavegará o planeta em 2012. A viagem ao redor do mundo será feita em cinco longas fases, que testarão não só a capacidade do avião, mas especialmente a habilidade do piloto Piccard.

O protótipo apresentado chama a atenção por sua aparência: o avião é pequeno, leve, e com asas enormes. Comparativamente, a aeronave tem a envergadura de um Boeing 747-400 e o peso de um carro de passeio (1.600kg). Mesmo antes de voar, o HB-SAI já tem o título de maior e mais leve aeronave já construída. As são asas imensas porque nelas estão localizadas mais de 12.000 células solares que fornecerão energia aos quatro motores elétricos de potência 10 HP cada. A energia solar captada durante o dia será armazenada em baterias de lítio-polímero (400 kg), que permitirá o avião voar durante a noite.

Promovendo as energias renováveis

Em um mundo dominado pelos combustíveis fósseis, e dada a urgente necessidade de encontrar soluções sustentáveis, o projeto Solar Impulse pretende demonstrar o potencial das energias renováveis e promover sua utilização. É também um símbolo da economia de energia que pode ser conseguido com as novas tecnologias. Segundo Bertrand Piccard: “o espírito pioneiro que permitiu que o homem a conquistar o planeta e do espaço no século 20 até hoje deverá permitir-nos a encontrar soluções para reduzir a nossa dependência do petróleo – e não pela redução da mobilidade e conforto pessoal, mas através da criação de sonhos, de esperança e entusiasmo”.

Em um mundo dependendo de energias fósseis, o Solar Impulse é quase uma provocação: o projeto pretende lançar um avião que irá decolar e voar autonomamente, dia e noite, usando exclusivamente energia solar, e dará a volta ao mundo sem combustível ou poluição.

O projeto quer assim provocar os cientistas a procurarem novas formas de energia alternativa, e novos usos para as já conhecidas. E também divulgar essas energias não poluentes e estimular sua pesquisa e utilização. Segundo Piccard, este é um “projeto para expandir os horizontes científicos, ecológicos e econômicos da humanidade. Nós esperamos estimular pesquisas científicas em novos campos que envolvam aerodinâmica, materiais compostos, e métodos de produção e armazenamento de energia. Queremos mobilizar o interesse público em volta de um projeto concreto que ultrapassa o entendimento popular de desenvolvimento sustentável e fontes renováveis. Esperamos com isso mudar a mentalidade dos que ignoram a questão das necessidades futuras de energia”.

Tradição de família

Bertrand Piccard representa a terceira geração de uma família de renomados exploradores que quebraram barreiras como inventores e cientistas. Seu avô, Auguste, fez seus primeiros vôos na estratosfera em uma cápsula pressurizada no início dos anos 30. Seu pai, Jacques, estabeleceu um recorde mundial com o mais profundo mergulho – sete milhas - em Mariana Trench, em 1960. Bertrand, um psiquiatra de 52 anos, foi o primeiro homem a dar a volta ao mundo em um balão sem parada, em 1999. Agora, quer repetir a façanha em um planador solar. Assim, ele leva adiante a tradição da família de exploração, aventura e descoberta científica.

fonte: 360graus

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