segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Avanço chinês na energia solar solapa posição dos EUA

O presidente Barack Obama quer fazer dos Estados Unidos "os maiores exportadores mundiais de energia renovável", mas depois de seus primeiros seis meses dele no cargo é a China que está acelerando os esforços para ganhar posição de destaque na energia ecológica -especialmente a solar-, até mesmo no mercado americano.

Empresas chinesas desempenharam papel chave na redução de preços de quase 50% atingida pelos paineis solares no ano passado. Shi Zhengrong, presidente-executivo e fundador da Suntech Power Holdings, a maior fabricante chinesa de paineis, declarou em entrevista em Wuxi que sua companhia vende paineis no mercado norte-americano por custo inferior ao dos materiais, montagem e transporte, em um esforço para conquistar mercado.

Com generoso apoio do governo, os chineses estão preparando a construção de fábricas para montar seus produtos nos Estados Unidos, o que permitiria contornar as leis protecionistas. Como fizeram as montadoras japonesas de automóveis décadas atrás, as companhias chinesas de energia solar encorajam seus executivos norte-americanos a aderir a organizações setoriais e combater a rejeição à China antes que ela deite raízes.

O governo Obama está determinado a ajudar o setor norte-americano de energia solar. Os departamentos do Tesouro e Energia anunciaram dias atrás que ofereceriam US$ 2,3 bilhões em incentivos fiscais a fabricantes de equipamentos para produzir energia limpa. Mas mesmo no setor, muita gente se preocupa com as perspectivas desfavoráveis das empresas ocidentais na concorrência com grupos chineses que contam com financiamento, eletricidade e mão-de-obra baratos -o salário de um engenheiro recém-formado é de apenas US$ 7 mil ao ano na China.

"Não creio que a Europa e os Estados Unidos se tornem grandes produtores de equipamento solar -serão consumidores", diz Thomas Zarrella, presidente-executivo da GT Solar Internacional, empresa de New Hampshire que vende equipamento para a produção de paineis solares a fabricantes de todo o mundo.

Desde março, os governos locais, provinciais e central da China vêm concorrendo entre si na oferta de subsídios mais e mais generosos às empresas de energia solar, entre os quais terrenos gratuitos e verbas públicas para pesquisa e desenvolvimento. Os bancos estatais estão concedendo grandes empréstimos ao setor, com taxas de juros consideravelmente inferiores às disponíveis nos Estados Unidos e Europa.

A Suntech, sediada em Wuxi, deve superar a Q-Cells, da Alemanha, e se tornar a segunda maior fabricante mundial de células fotovoltaicas, atrás apenas da First Solar, do Arizona.

E os passos da Suntech estão sendo seguidos por muitas empresas chinesas, com o apoio de empresários, governos locais e até das forças armadas, interessados em ganhar posição em um setor definido como vital pela liderança da China.

Shi aponta que outros governos, como o norte-americano, apoiam seus setores de energia ecológica, oferecendo entre outras coisas subsídios para a construção de fábricas.

O compromisso da China para com a energia solar não deve influenciar a situação do aquecimento global, ao menos em curto prazo. O consumo de energia do país vem crescendo mais rápido que o de qualquer outra nação, se bem que os Estados Unidos sejam maiores consumidores de eletricidade, hoje. Pequim planeja estar gerando 20 mil megawatts de energia solar em 2020, o que equivale a menos de metade da capacidade anual de geração de eletricidade por usinas a carvão construída a cada ano no país.

Gerar energia solar continua a ser mais caro do que gerar energia por meio de carvão, petróleo, gás natural ou até eólica. Mas além do pesado investimento e baixo custo chineses, a desaceleração econômica e corte de subsídios para a compra de paineis na Europa reduziram os preços.

O plano de estímulo econômico de Obama requer que projetos que recebam dinheiro para compra de aço e materiais de construção, entre os quais paineis solares, adquiram esses produtos de países signatários do tratado da Organização Mundial de Comércio (OMC) sobre concorrências governamentais, entre os quais não se inclui a China.

Em resposta a isso, e para reduzir custos de transporte, a Suntech planeja anunciar dentro de um ou dois meses a construção de uma fábrica de US$ 30 milhões nos Estados Unidos, diz Steven Chan, seu vice-presidente mundial de vendas e marketing.

"Isso facilitará as vendas", disse Chan, acrescentando que a fábrica terá entre 75 e 150 operários e deve ser instalada em Phoenix ou no Texas.

Mas 90% dos funcionários serão operários, soldando paineis montados com componentes recebidos da China, diz Shi.

A Yingli Solar, outra grande fabricante chinesa, anunciou na quinta-feira seu "plano preliminar" para montar paineis solares nos Estados Unidos.

fonte: Terra

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