quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Indústria eólica brasileira recebe enxurrada de consultas para o leilão

Daqui a sete semanas, os agentes do setor de energia elétrica estarão repercutindo aquele que terá sido o primeiro leilão de eólica da história do País. Quantos dos 441 projetos cadastrados, que somam 13.341MW de capacidade instalada, terão sido contratados e qual o preço da tarifa negociada no processo são perguntas que só serão respondidas no próximo dia 14 de dezembro, data de realização da licitação.
Até agora, estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) acerca do preço-teto inicial da energia a ser ofertada no certame apontam que ele deverá ficar abaixo dos R$200 por MWh.
Já o montante de energia que será comprado é mantido como segredo de Estado pelo governo. Os dirigentes da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeóolica) acreditam que este volume deve ficar entre entre 1,5 mil MW a 2 mil MW.
Os empreendedores, que estão inundando a EPE com relatórios de medições de ventos dos projetos credenciados, vivem um período intenso de negociações com fornecedores. No Brasil, as duas principais fábricas de aerogeradores – Wobben e Impsa - estão bastante satisfeitas com as consultas que vêm recebendo.
A Wobben afirma já ter cotado para seus clientes cerca de 7,8 mil MW de turbinas dos mais de 13 mil MW inscritos no leilão. A Impsa, por sua vez, contabiliza consultas que totalizam cerca de 3 mil MW em projetos.
O gerente comercial da Impsa, Paulo Ferreira, afirma que as máquinas de 1,5MW são muito competitivas nos parques eólicos localizados no Nordeste e em alguns do Sul, onde estão os melhores ventos. “Para ventos mais fracos, acaba sendo vantajoso os de 2MW, mas realmente os de 1,5MW estão sendo mais cotados”, diz.
O gerente administrativo da Wobben, Fernando Scapol, explica que como os investidores têm uma tendência natural de procurar o maior e o mais potente aerogerador para as condições do local, as máquinas a partir de 1,5MW são as mais competitivas. A empresa, contudo, não produz este tipo de equipamento e só trabalha com equipamentos de 0,8MW, 0,9MW, 2MW e 2,3MW.
Scapol acredita que depois do leilão a demanda pela procura dos aerogeradores e equipamentos deve se intensificar. Ferreira, da Impsa, estima que cerca de metade dos empreendedores vão para o certame com os equipamentos já acertados, enquanto a outra porção fará as cotações após o 14 de dezembro.
Ainda com relação à venda de aerogeradores, as indústrias brasileiras dizem que não estão preparando nada de especial para bater a concorrência dos produtos estrangeiros e o atual cenário de valorização do real frente ao dólar.
A Impsa acredita que o fato do dólar estar baixo pode complicar. Contudo, Ferreira explica que como vários dos insumos utilizados na fabricação das máquinas são importados, este fator não deve afetar muito. Na Wobben, Scapol espera que o alto índice de nacionalização dos equipamentos e a estreita margem de lucro sirvam para enfrentar os produtos importados.
Nova torre
O gerente comercial da Impsa, Paulo Ferreira, afirmou ao Jornal da Energia que a empresa acaba de conseguir a viabilidade comercial da torre de concreto de 100 metros de altura. Atualmente, a empresa trabalha com torres com cerca de 85 metros.
"O que ela [a torre de 100m] custa a mais pode ser compensado em dois ou três anos. Já estamos refazendo todas as contas, e, de maneira geral, os investidores estão querendo trabalhar com a nova torre. Ela aumenta em cerca de 3% o fator de capacidade de geração da usina", diz Ferreira.
O equipamento já havia sido apresentado pela companhia, mas tinha um custo que não compensava para o cliente. Agora, a Impsa encontrou fabricantes que melhoraram os custos de produção e viabilizaram o produto.
O gerente geral administrativo da Wobben, Fernando Scapol, afirmou que não há perspectiva de novos lançamentos para o mercado no curto prazo.
Fonte: Jornal da Energia

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