A energia que sai do lixo é retirada por meio do gás produzido nestas concentrações de resíduos: o metanol
O Ceará quer se configurar como a "Meca" das energias renováveis, e limpas, do País. Para isso, além de possuir o maior potencial brasileiro em eólicas, e estar trabalhando na construção da maior usina solar comercial das Américas, o Estado também investe em estudos para novas possibilidades de produção energética.
Neste leque de oportunidades neste setor, a utilização do lixo e das marés estão na mira. O que hoje é um problema pode vir a ser solução energética em algum tempo.
Estima-se que os atuais aterros sanitários espalhados pelo Estado tenham capacidade para gerar de 10 MW a 12 MW de energia (o suficiente para atender cerca de 25 mil habitantes). A energia que sai do lixo é retirada por meio do gás produzido nestas concentrações de resíduos: o metanol.
Créditos de carbono
A alternativa, além de dar uma funcionalidade econômica a estes aterros, ainda permite a geração de créditos de carbono, que podem ser vendidos a países que emitem altos volumes de gases prejudiciais à Camada de Ozônio (uma "capa" de gás que envolve a Terra e a protege de várias radiações).
Essa possibilidade tem feito com que empresários de outras nações já tenham apresentado interesse em investir nessas usinas no Ceará. Mas nada, por enquanto, é definitivo.
Pesquisa
A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Usepa) irá avaliar esse potencial, bancando os custos dessa pesquisa. Os estudos são necessários para se analisar a viabilidade econômica do projeto, através do potencial de geração do biogás no aterro, em função da quantidade e da composição dos resíduos aterrados.
Além disso, será avaliado o custo de geração da energia elétrica, em comparação com o valor cobrado pela concessionária local. No ano que vem, mais uma reunião será feita entre a agência e as secretarias estaduais de Infraestrutura (Seinfra) e Cidades.
Um outro estudo já foi realizado sobre a destinação do lixo em todo o Estado. Dentro da pesquisa, chegou-se à conclusão de que seria necessária a construção de aproximadamente 30 novos aterros. Os encaminhamentos estão sendo dados e 27 devem ser construídos, todos incluindo uma usina de geração de energia.
Ondas
Além desse projeto, um outro, criado em 2002, começa a ganhar forma agora no Ceará. Concebido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a ideia é implantar uma usina elétrica aproveitando as ondas do Pecém. É a chamada central geradora undi-métrica, que já recebeu outorga na Aneel para a sua instalação. A usina de ondas teve iniciada, no mês passado, a construção do quebra-mar que servirá de base às obras civis para instalação do seu protótipo. Em seguida, prevê-se que serão colocados os equipamentos e as pontes móveis flutuantes, o que forma a primeira fase da obra, prevista para estar concluída ainda em dezembro deste ano.
Experiências
O empreendimento não é novidade no mundo. Alguns países da Europa, como Portugal e Holanda, já têm experiências no sentido. Entretanto, na América Latina, o projeto pioneiro, mas ainda não está programado para ser levado à escala comercial.
A Universidade Federal do Ceará (UFC), a Seinfra, CearáPortos e a multinacional Tractbel, em parceria com a UFRJ, desenvolvem o projeto piloto, que envolve investimentos de cerca de R$ 12 milhões.
A planta terá, inicialmente, três braços, com potência entre 10 kW e 12 kW, gerando energia suficiente para alimentar 40 residências populares.
A potência é pequena, mas trata-se ainda de algo no campo das pesquisas, que poderá evoluir no futuro para uma usina comercial. (SS)
Fonte: Diário do Norteste
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