O mito de que a energia eólica é cara caiu por terra. O primeiro leilão específico da fonte surpreendeu o governo, que contratou 1805MW de energia (783MW médios) a um preço médio de R$148,39 por MWh, valor que ficou cerca de R$10 em média abaixo daquele verificado no leilão exclusivo para usinas a biomassa realizado no ano passado. Na média, o deságio verificado no certame eólico, que durou 7h36, ficou 21,5% abaixo do preço inicial estipulado de R$189.
Para o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, o resultado da licitação foi um sucesso absoluto e prova que a fonte não precisa de uma política específica, como pleiteia a associação que representa o setor. “A fonte eólica efetivamente está tendo condições de entrar no mercado brasileiro, a partir do momento em que começa a apresentar preços e competir com biomassa e PCHs”, opinou. Segundo ele, há perspectiva que para o próximo ano, a eólica participe conjuntamente de uma competição com essas outras fontes. “Os preços sinalizam que a fonte tem uma excelente perspectiva no Brasil”.
O resultado também surpreendeu o diretor-executivo da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Pedro Perreli. “Esse deságio demonstra que havia projetos concretos com valores de capacidade significativos, bem como de localização privilegiada no que diz respeito a curtas distâncias para a interligação junto às linhas de transmissão”.
O diretor de estudos de energia elétrica da EPE, José Carlos Miranda, defendeu a participação das usinas eólicas nos leilões comuns de energia nova, como o A-3 e o A-5. A Empresa de Pesquisa Energética estima que serão necessários R$9,4 bilhões de investimentos para construir todos os parques.
Ao todo, 71 usinas venceram o leilão. O fator de capacidade médio dos projetos ficaram em torno de 40%. Os preços de venda da energia variaram de R$131 a R$153,07 por MWh. Segundo o diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, a central eólica que vendeu a energia mais barata é mais competitiva que uma termelétrica a gás, por exemplo. “Esperávamos um preço médio na casa dos R$160”, disse o regulador. No início da disputa, 217 parques estavam competindo e somavam cerca de 6 mil MW.
Os contratos a serem firmados pelos empreendedores terão 20 anos de duração e serão contemplados na modalidade por quantidade, ou seja, as plantas vão entrar na base do sistema e sempre gerarão energia. A responsável pela compra dessa energia será a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, que repassará os custos para os consumidores por meio do Encargo de Energia de Reserva, que será recolhido pelas distribuidoras. O volume financeiro transacionado nesses contratos é de quase R$20 bilhões.
A região Nordeste foi a grande vencedora do certame. Do total, 66 projetos estão localizados lá. No Rio Grande do Norte, Estado campeão em potência instalada, serão construídos 657MW de usinas. O Ceará aparece em segundo lugar com 542,7MW, a Bahia possui 390MW e Sergipe tem outros 30MW. No Sul, somente o Rio Grande do Sul venceu, com 186MW.
O leilão foi bastante disputado. Foram necessárias 75 rodadas uniformes e um rodada discriminatória para que se definisse os vencedores. A Renova Energia, empresa que é controlada pelo Fundo InfraBrasil, vendeu 127MW de energia e foi a companhia que negociou o maior número de lotes. A CPFL ficou em segundo lugar com 73MW.
Fonte: Jornal da Energia
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