O Brasil tem sol o ano inteiro e o principal argumento para a energia solar não ser contemplada pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) e também não comparecer nos leilões de energia da Eletrobrás está com os dias contados no que depender da determinação do professor adjunto da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), Adriano Moehlecke, que coordena o Núcleo Tecnológico de Energia Solar da Faculdade de Física. Ele entrega, no próximo dia 17 de dezembro, 200 módulos fotovoltaicos com a mesma eficiência de concorrentes internacionais, mas a custos inferiores, aos financiadores da sua planta piloto.
Como graduado, em 2002 Moehlecke foi vencedor do Prêmio Jovem Cientista, com um projeto de fabricação de células fotovoltaicas para conversão de energia solar em elétrica. Decidido a provar a viabilidade econômica e técnica da produção em escala, ele começou, em 2004, junto com a professora Izete Zanesco, que coordena o projeto com ele, uma planta piloto, na PUC/RS, com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Petrobras, Eletrosul e Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE).
"Nós provamos a viabilidade, fabricando mais de dez mil células, o que para a indústria não é nada, mas é muito para esse setor, e também formamos mão de obra. Agora estamos entregando 200 módulos aos nossos patrocinadores", afirma. Todos os insumos foram minuciosamente pesquisados, visando a redução de custos e a eficiência da produção. "As melhores células do mundo atingem até 16% de eficiência, a nossa conseguiu 15,4%. Considerando a média mundial, que é de 14%, estamos muito bem", orgulha-se.
A meta, agora, é montar um plano de negócios para a implantação da primeira indústria de células solares e painéis fotovoltaicos na América do Sul. "O Brasil tem muito, mas muito mais sol que a Alemanha. A cada dois anos surge uma Itaipu solar no mundo e não estamos participando disso, ainda mais se a questão ambiental for considerada. Uma indústria de painéis fotovoltaicos gera quatro vezes mais empregos que uma usina térmica a carvão e, depois de instalado, não tem custo e nem impacto", destaca.
Ele explica que, num círculo vicioso, a produção dessa energia não tem incentivo legal porque teria que importar equipamentos. E a indústria não se estabelece porque não tem mercado. "A tecnologia vai ser dominada por quem sair na frente e a China, sabendo que vai ter que mudar sua matriz, já está de olho", alerta.
Ainda segundo suas informações, um módulo pronto tem impacto zero e, fazendo a análise do ciclo completo, chegou à conclusão de que as plantas de silício no Brasil são bem diferentes dos outros países porque operam com energia de hidrelétrica e utilizam carvão vegetal de plantio de eucalipto e não carvão mineral. "Considerando que não há produção de energia sem impacto (e a ideia é reduzir), o impacto da energia solar se assemelha ao da eólica e os painéis não são colocados em cima de dunas, mas em cima de casas", afirma.
Incentivo
O exemplo é um incentivo para estudantes do Ensino Médio, Ensino Superior e jovens graduados interessados em participar da 24ª edição do Prêmio Jovem Cientista (PJC), que está com inscrições abertas até 30 de junho de 2010, com o tema "Energia e Meio Ambiente - Soluções para o Futuro". Nesta edição, o PJC desafia os jovens cientistas a apontarem soluções para problemas ambientais, apresentando, por exemplo, alternativas para controle de emissão de poluentes e fontes renováveis de energia. As possibilidades de estudo incluem, ainda, exploração racional dos recursos energéticos, edificações inteligentes, produção sustentável de biodiesel e controle de emissão de poluentes, entre outros.
Andrea Margit, gerente de meio ambiente da Fundação Roberto Marinho, explica que o Prêmio Jovem Cientista tem sito, sobretudo, uma forma de incentivar vocações, com bons exemplos em todas as regiões do País. "Ele demonstra que se pode encontrar na ciência uma possibilidade de ascensão social comumente associada apenas ao esporte e à arte", afirma.
Tradicionalmente entregue pelo presidente da República, o PJC distribui premiações que chegam a R$ 145 mil, incluindo R$ 30 mil para a instituição de Ensino Médio e de Ensino Superior com o maior número de trabalhos com mérito científico inscritos. Os vencedores também são contemplados com equipamentos de informática e com bolsas do CNPq. Há possibilidade de participação em cinco categorias: Graduado, Estudante do Ensino Superior, Estudante do Ensino Médio, Orientador e Mérito Institucional. Quem está no Ensino Médio concorre com uma redação, produzida sob orientação de um professor. Para eles, há um passo a passo disponível no link http://www.jovemcientista.org.br/campanha/pjc.html.
Fonte: Diário do Nordeste
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