terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Projeto em Roraima realça papel energético da palma

BOA VISTA - Constituída em março de 2008 e sediada em São Paulo, a Brasil BioFuels iniciou o plantio de palma, em Roraima, para tentar aproveitar o potencial do mercado de energias renováveis no Norte do país. Muito dependente do diesel "importado" do Centro-Sul tanto para as atividades de transporte quanto para a geração de eletricidade, a região, busca alternativas para limpar a matriz energética e baratear custos.
A acionista majoritária da Brasil BioFuels é Marina Lagreca, e Milton Steagall é o principal executivo. Ambos mantêm participações acionárias na Biocapital, também dedicada a biocombustíveis.
Quanto aos planos da Brasil BioFuels, Steagall mostra-se um entusiasta. Segundo ele, já foram investidos cerca de R$ 8 milhões, em capital próprio, na aquisição de terras no sul de Roraima e na fase inicial do plantio de palma na região.
- Há 1,1 mil hectares comprados, 200 deles com plantio definitivo, com licença ambiental estadual. E já temos mudas para 1,4 mil hectares-, informa.
As plantações estão localizadas nos municípios de São João da Baliza e Caroebe.
Para acelerar a expansão, Steagall disse que a BioFuels aguarda a publicação das diretrizes traçadas pelo primeiro zoneamento agroecológico da palma, que deve ser publicado pelo governo federal no início de 2010.
- No passado, a Embrapa considerava a palma inapta para Roraima. Nas savanas do Estado, de fato, a palma não pega, mas no sul as condições são parecidas com as dos grandes produtores da Ásia. Acreditamos que a palma é uma boa opção para a recuperação de áreas já desmatadas-, esclarece Steagall.
A companhia obteve autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para se tornar uma produtora independente de energia e está montando uma termelétrica a base de biomassa (cachos e bagaços) da palma em São João da Baliza.
A usina foi projetada para 16 megawatts, está em fase de aquisição de equipamentos e deverá entrar em operação até o fim de 2010. O investimento previsto é de R$ 65 milhões, que ainda terá de ser equacionado. Bancos de fomento como BNDES e BASA aparecem como as principais opções para a obtenção de crédito.
Para que a usina tenha biomassa suficiente para não depender de terceiros, terá de contar com uma área de plantio ao menos 5 mil hectares. Conforme Steagall, o projeto da BioFuels prevê ampla parceria com a agricultura familiar local, e há tratativas com o Ministério do Desenvolvimento Agrário para acelerar o cadastramento desses produtores.
Com o zoneamento agroecológico, esta parceria poderá contar com recursos do Pronaf. Com colheita manual, a cultura palma exige grande contingente de mão-de-obra.
O projeto da BioFuels prevê uma fábrica de biodiesel em Caracaraí, a 200 quilômetros da térmica de São João da Baliza. Programada para 2012 e orçada em R$ 80 milhões, a unidade teria capacidade inicial para rodar com o óleo de palma de uma área de plantio de 5 mil hectares, ampliável para 10 mil.
- A área está comprada e em fase de licenciamento ambiental-, confirma Steagall.
Como a palma só entra em fase de produção comercial em cinco anos - a vida útil da planta é de cerca de 35 anos -, os planos da Brasil BioFuels envolvem alternativas de plantio e matérias-primas para a geração de energia.
Como até o quarto ano a palma não faz sombra, culturas como feijão e mandioca podem ser viáveis. Para a térmica, a ideia é usar a biomassa da acácia, já encontrada na região de São João da Baliza.(MM)
Fonte: POrtal Amazonia

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