quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A energia eólica e os cata-ventos dos nossos avós

Um país com a extensão territorial e litorânea do Brasil, no momento em que tanto se debate o aquecimento global, não pode deixar a energia eólica em segundo plano. Já existem turbinas instaladas em diversas regiões, incluindo o sudoeste do Paraná, mas por seus benefícios, a alternativa merece mais atenção das autoridades e das empresas brasileiras.
Afinal, nossos avós, já há várias décadas e em comunidades rurais isoladas, mantinham aparelhos de rádio e iluminação doméstica com energia gerada por cata-ventos.
Eram equipamentos simples, colocados sobre postes de madeira, onde pás giravam com a força dos ventos, movimentando gerador montado em sua própria estrutura. Assim, abasteciam baterias e garantiam um mínimo de conforto e lazer às famílias rurais. Seu resgate, com equipamentos mais modernos e eficientes para o atendimento de residências individuais, deveria ser estudado pelos especialistas.
No caso das turbinas de grande porte já em funcionamento, voltadas às necessidades coletivas, a preocupação está no custo dos equipamentos. Por isso, é preciso buscar mecanismos que viabilizem o investimento no sistema de geração de energia limpa, inesgotável e natural.
O assunto começou a ser debatido com maior abrangência no Fórum Nacional Eólico, realizado em junho de 2009, em Natal, no Rio Grande do Norte. No evento foi elaborada a Carta dos Ventos, propondo medidas como leilão anual de energia eólica e marco regulatório para o setor.
Especialistas estimam em 143 mil megawatts o potencial eólico brasileiro, sem considerar a área marítima. Na Dinamarca foram instalados geradores em ilhas e pontos no oceano distantes da costa.
Graças ao seu enorme potencial, o Brasil já poderia ser todo iluminado por energia eólica, mas ela representa menos de meio por cento da matriz energética nacional.
O governo autoriza importação de equipamentos para usinas eólicas, mas cobra taxa de 14%. Pela importância para o País, a taxação poderia ser revista, estimulando a maior utilização da fonte alternativa de energia. O desenvolvimento de equipamentos nacionais igualmente deve ser incentivado.
Especialistas e autoridades do setor querem isenção de tributos para equipamentos de energia eólica, sejam eles importados ou nacionais. Realmente, não faz sentido cobrar imposto na geração de energia limpa, quando já há tributos na distribuição de eletricidade.
São necessárias políticas de apoio à nacionalização de equipamentos e criação de fontes de financiamentos para a energia eólica. Até porque ela está bem próxima de disputar economicamente com outras fontes de energia, com a exceção da hídrica, que custa cerca de R$ 70 o megawatt/hora no País.
Além disso, há a necessidade da reversão da expansão da oferta de energia no Brasil ser baseada na térmica, gerada por óleo combustível e carvão. Na comparação com essas fontes, de custo econômico e ambiental elevados, a energia eólica já é competitiva.
Considerando tais aspectos, os participantes do fórum de Natal firmaram pacto pela energia eólica no Brasil, reivindicando, entre outras medidas, nova modalidade nos leilões do setor, nos quais a energia eólica tenha páreo próprio, sem disputas com outras fontes, ainda que por prazo determinado.
São propostas que merecem a reflexão de autoridades e mesmo cidadãos e cidadãs, preocupados com o aquecimento global e os destinos de todos nós.
Dilceu Sperafico (PP-PR) é deputado federal.
Fonte: Paraná On Line

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