segunda-feira, 15 de março de 2010

Em alta, eólica ganha prazo para o leilão

SÃO PAULO - As empresas que pretendem participar do leilão de eólicas, marcado para ocorrer no segundo trimestre, podem ganhar um período maior para os trabalhos. Isso porque, a inscrição dos parques junto à Empresa de Pesquisa Energética (EPE), segundo o cronograma inicial, se esgotaria na segunda, dia 8, mas o prazo deve ser esticado pela entidade. "Provavelmente será prorrogado. Os representantes de eólicas e de biomassa nos pediram um prazo maior", admitiu ao DCI o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim. O leilão contará também com projetos de biomassa e PCHs. Com pouco tempo entre um leilão e outro, as empresas do setor têm corrido para aperfeiçoar os projetos e planejar os investimentos e por isso pediram um prazo mais longo. "Eles querem refazer alguns projetos para se tornarem competitivos. Mas podem surgir coisas novas também", ressalta Tolmasquim.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Lauro Fiúza, a classe pleiteou um alongamento da data para que os players efetuem mudanças "de layout, das licenças exigidas e dos equipamentos utilizados", itens que podem tornar as propostas mais eficientes. Isso não deve alterar o cronograma do leilão em si, que deve acontecer em 30 de junho.
De diferente, os projetos precisam ter, agora, um georreferenciamento da planta feita pelo Incra, que nada mais é do que definir a forma, dimensão e localização exata da área onde o parque eólico foi projetado por levantamento topográfico. A medida pretende evitar casos como o impasse entre a usina de Miassaba III (50,4 MW) e Alegria II (100,8 MW): o primeiro foi um dos vencedores do leilão passado, enquanto o segundo foi contratado em 2004 pelo Proinfa; segundo a Aneel, ambos constam na mesma área, em Guamaré (RN), e o consórcio responsável por Alegria tem esta semana para se justificar sobre possível mudança de área alegada por Miassaba.
"A ideia desse mapeamento é muito boa porque tende a organizar de forma melhor o processo, mas temos de ter uma trégua maior nesse prazo entre os atuais e os futuros projetos", diz Fiúza. Para o próximo certame, o presidente considera que com adaptações e revisões das plantas, os parques ofertados mostrarão que a energia eólica seguirá competitiva - ainda mais porque o evento colocará ainda, juntas, as pequenas centrais hidroelétricas e a geração com biomassa.
Mesmo diante da concorrência, a Bioenergy pretende seguir focada na força dos ventos. Com três parques contemplados no primeiro leilão - dois em parceria com Eletronorte, Furnas e J. Malucelli, onde tem 41% do consórcio, e um na totalidade - que somam 162 MW, a companhia pretende inscrever 400 MW. "Podem ser com parceiros, são projetos elaborados pela Bioenergy que podem depois buscar consórcios. Desse total, cerca de 250 MW já participaram do leilão passado", conta o presidente da empresa, Sérgio Marques.
Com o planejamento três meses mais maduro, o executivo confia em uma melhor eficiência das usinas. "O empreendedor pode ter errado a conta, calculado custos que depois não se mostraram de fato, como o ICMS. Então os que tiverem um bom fator de capacidade e adequarem o projeto podem sim serem competitivos agora", conclui.
A Chesf também aposta na segunda chance de licitar seus projetos. Em dezembro, em parceria com a Martifer, saiu vitoriosa com dois parques: Mar e Terra (23,1 MW) e Areia Branca (27,3%), com 49% de participação em cada um deles. "Além de variar nossa matriz de geração é uma energia limpa que mostrou um bom preço. Teremos o nosso projeto de eólica no leilão e abriremos uma nova chamada para encontrar parceiros. Pode ser novamente a Martifer ou outro investidor", discorre o superintendente de projetos e construção de geração da Chesf, Rui Barbosa.
Já a CPFL, que saiu do leilão de dezembro com 188MW, admite estar estudando projetos não só no ramo de eólica, mas também em biomassa e PCHs. Segundo estimativa do presidente da holding, Wilson Ferreira, devem ser contratados entre 400MW e 500MW médios, contra os 783MW médios do certame exclusivamente eólico. "Temos uma possibilidade real de competição de três fontes com preços semelhantes ao das eólicas [R$ 148 o MWh em média] e então faz parte da nossa estratégia de crescimento em geração de energia", avalia.
Além de idealizarem os leilões, a fonte alternativa tem sido pauta constante do setor no País. A CPFL destinará R$ 1,4 bilhão na construção de usinas até 2014, entre elas, três a biomassa e sete parques eólicos que venceram o certame do ano passado.
Além disso, Ferreira garantiu o foco na expansão por meio de alternativas lembrando o mercado de consumidores livres A4, que tem desconto na tributação quando contrata essas fontes renováveis. Mesma ideia admitiu a Tractebel, que calcula que 20% do mercado seja formada por consumidores em potencial de usar a energia incentivada, mas somente 1% utiliza desse recurso. "Temos um universo grande dos que estão no mercado cativo das distribuidoras e poderiam ter vantagens econômicas e de imagem ambiental com esse contrato", considera o presidente da empresa, Manoel Zaroni.
Ainda assim, em teleconferência na semana passada, o diretor financeiro e de relações com investidores da Tractebel, Eduardo Sattamini, ressaltou que estão sendo desenvolvidos projetos para eólicas e biomassa, e "vamos qualificá-los para o leilão de reserva deste primeiro semestre".
Já a maior vencedora do primeiro leilão, a Renova Energia, ainda não comenta o plano para os próximos investimentos por estar em período de sigilo. Na segunda, 1, a companhia apresentou uma oferta de ações que pode ultrapassar R$ 860 milhões, fundamentais para erguer os 270 MW dos 14 parques eólicos em que saiu vencedora no certame de três meses atrás.
Fonte: DCI - 03/03

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