O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Gonçalves, disse nesta sexta-feira (25/06) que não pretende suspender as obras de construção da Usina Nuclear Angra 3, conforme recomendação do Ministério Público Federal (MPF). 
“A gente não vai suspender [a obra]. A gente vai recorrer, obviamente”, disse em entrevista à Agência Brasil. 
Segundo Gonçalves, a apresentação de uma análise probabilística de segurança e acidentes severos do empreendimento constitui apenas uma sugestão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e não uma recomendação obrigatória, como teria entendido o MPF em Angra.
“A tradução foi malfeita. Ela [AIEA] não diz que é para fazer ou que [a análise] é fundamental. Ela simplesmente sugere que se faça isso”. Ele explicou que, como já existem cálculos para outras usinas, a Cnen tem plena clareza dessa questão. “Então, nós vamos entrar com recurso contra isso”. A Cnen vai responder ao Ministério Público. “A gente tem que explicar, faz parte da transparência. Mas, a gente absolutamente não concorda com isso”, disse.
Odair Gonçalves confirmou ter autorizado a realização de estudo probabilístico de segurança e acidentes severos de Angra 3, que está sendo conduzido pela Eletronuclear. O presidente da Cnen esclareceu, contudo, que “isso não impacta a construção da usina. A obra continua, sem dúvida nenhuma”.
O secretário do Meio Ambiente de Angra dos Reis, Marco Aurélio Vargas, considerou “corretíssima” a atitude do Ministério Público Federal (MPF) de recomendar a suspensão das obras e da licença da Usina Nuclear Angra 3 até que seja apresentada a análise probabilística de segurança e acidentes severos relacionada ao projeto. “Eu acho que o Ministério Público está corretíssimo em entender que todos os dados disponíveis são importantes para viabilizar toda essa questão, na maior segurança necessária”, disse o secretário.
Investimentos
Os gastos da Eletronuclear com o processo de retomada da Usina Nuclear Angra 3 atingem cerca de R$700 milhões neste ano, disse à Agência Brasil o gerente de Planejamento e Orçamento da estatal, Roberto Travassos.
A obra está na fase de montagem das ferragens e concretagem da laje e da fundação do edifício do reator, a partir da licença de construção concedida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) em 31 de maio deste ano. O cronograma prevê a conclusão da usina até 2015. A entrada em operação comercial está prevista para 1º de dezembro daquele ano.
Travassos informou que deverão ser assinados, ainda este ano, contratos no valor de R$2 bilhões, sendo R$550 milhões referentes a serviços de engenharia de projetos e de suporte ao planejamento e R$1,4 bilhão para a montagem eletromecânica, cujo aviso de edital de licitação deve ser divulgado pela Eletronuclear nos próximos 30 ou 40 dias. “Este ano, nós devemos estar assinando contratos de R$2 bilhões só no mercado nacional”, disse Travassos.
Entre agosto e setembro próximos, a estatal também deverá assinar contrato com a empresa nuclear Areva, da França, no valor de 1,2 bilhão de euros para o fornecimento de serviços e equipamentos estrangeiros para a usina. O gerente explicou que os contratos têm validade de até 60 meses. Para 2011, deverão ser feitas ainda algumas licitações no mercado nacional, prevendo-se gastos no montante de R$3 bilhões. A construção total de Angra 3 está orçada em R$9 bilhões.
Fonte: Jornal da Energia elétrica
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