segunda-feira, 9 de agosto de 2010

ONG desenvolve fogão ecoeficiente que reduz consumo de lenha em 20%

Criado, há cerca de três anos, a partir da combinação de práticas já existentes em fogões a lenha tradicionais usados em várias partes do mundo, o equipamento consegue, segundo seus idealizadores, reduzir o consumo de lenha e controlar melhor a emissão de fumaça, evitando prejuízos à saúde dos moradores da residência onde ele funciona. Mais de 13 mil deles já foram instalados em todo o Ceará.
Segundo o professor Antinous Carvalho, um dos participantes do projeto, o fogão usa um sistema onde o ar vem por baixo e a sua entrada pode ser controlada pelo usuário – processo semelhante ao usado em caldeiras industriais, por exemplo. Isso faz com que seja possível controlar a intensidade do fogo, evitando, por exemplo, geração de calor excessiva quando ela não é necessária.
Além disso, foi feito um sistema de rampas, da primeira à última boca (são três bocas, ao todo), para direcionar o calor e reduzir a área de dissipação. Por fim, uma chaminé evita outro problema freqüente encontrado nas comunidades onde esse tipo de equipamento é usado: doenças respiratórias causadas pela inalação da fumaça.
O pesquisador garante que, além de simples, o fogão é muito eficiente no que se propõe, que é gerar calor suficiente para preparar a comida de uma família com o menor gasto possível de madeira. Ele explica que ainda não foram feitos estudos para comprovar numericamente o ganho proporcionado com o equipamento, mas a estimativa é de que a quantidade de lenha necessária seja 20% menor que a de um fogão tradicional. Antinous também garante que o fogão é bem versátil. "Muitos usuários dizem que sentem falta de um forno. Mas nós já vimos gente preparando até bolo nele", diz.
O Ider, agora, está em uma nova fase do projeto, com a instalação de mais 13,5 mil fogões no Ceará, com o apoio da Secretaria das Cidades. A meta é concluir tudo até o fim de 2011. Para isso, o professor ressalta que foi desenvolvida outra solução. Um esqueleto de ferro foi projetado para agilizar a montagem e a equipe, que antes construía um equipamento por dia, agora consegue montar até sete deles.

MUDAR A CULTURA DA POPULAÇÃO É UM DOS DESAFIOS
Para o representante do Ider, uma das dificuldades do projeto é fazer com que os usuários das pequenas comunidades aceitem as mudanças que o fogão traz no preparo cotidiano dos alimentos. Como é mais eficiente, ele demanda menor quantidade de madeira. Antinous explica que algumas pessoas não confiam nisso e acabam quebrando alguns tijolos da entrada para colocar mais lenha.
Outro problema, segundo ele, é que os pedaços de madeira usados no fogão precisam ser cortados. "Eles têm de ter, no máximo, 50 cm", explica o professor. E muitos usuários, que não têm o hábito de preparar a lenha antes do uso, mostram alguma resistência. "Ás vezes é difícil mudar costumes que vêm de séculos", diz.
No entanto, ele faz questão de mostrar que também há os que não só se adaptam bem ao equipamento como o vêem como uma melhoria para a higiene da casa. Como a chaminé direciona a fumaça, eliminando as manchas pretas na parede e no teto, comuns nos fogões a lenha tradicionais, alguns usuários colocam até azulejos em volta do fogão, para reforçar a sensação de limpeza.

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FONTE: Agência Funcap Sílvio Mauro - Jornalista

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