Rio/Fortaleza. O potencial de energia eólica no Ceará deve crescer 130% até 2013. Hoje, o setor funciona com os 14 parques do Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia) totalmente instalados, que geram 500,93 MW (megawatts), além dos três primeiros do Estado (Mucuripe, Aquiraz e Taíba) com capacidade de 17,4 MW.
Com os leilões de energia realizados pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) em 2009 e 2010, que garantiram 542 MW e 150 MW, respectivamente, o potencial eólico do Ceará passará dos atuais 518,33 MW para 1.192 MW, um crescimento de 130%. O leilão de 2009 exige início da operação a partir de 2012 e o do ano passado, para 2013.
O coordenador de Energia da Seinfra (Secretaria de Infraestrutura do Estado), Renato Rolim, destaca que os investidores dos novos projetos, garantidos pelos leilões, ainda não entraram em contato com o governo. "Após o leilão, eles vão em busca de recursos, o que leva cerca de um ano", explica. "O governo está disposto a fornecer infraestrutura aos parques, como acesso, isenção fiscal, conexão à rede do sistema nacional".
De acordo com Rolim, deve ocorrer um novo leilão de energia eólica em 2011, mas ainda sem data marcada.
320% de alta no País
Segundo projeção da EPE, a capacidade instalada das usinas movidas por ventos crescerá 320% ao longo desta década no Brasil. Atualmente, as usinas eólicas instaladas somam 930 MW espalhados por 50 parques. As hidrelétricas, principal fonte de geração do país, têm 110.000 MW instalados.
Em 2011, estão previstos mais 510 MW distribuídos por 14 parques eólicos, totalizando 1.440 MW. Esse potencial é oriundo do Proinfa, que fomentou a demanda no segmento, permitindo queda no preço.
A previsão é que em 2019 essas unidades geradoras terão potência total de 6.041 MW, quase equivalente aos 6.400 MW das usinas de Santo Antônio e Jirau, que estão sendo erguidas no rio Madeira, no estado de Rondônia.
Potencial de 300 mil MW
Calcula-se que haja potencial para instalar até 300 mil MW de usinas eólicas. "O crescimento da energia eólica é um processo irreversível", comentou Pedro Terrelli, diretor da ABeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).
A ideia do governo é que as termelétricas movidas a gás, óleo ou carvão cedam cada vez mais espaço a eólicas e a outras fontes renováveis, menos poluentes e já têm custos competitivos. As termelétricas são usadas para poupar os níveis dos reservatórios de hidrelétricas em épocas de pouca chuva.
A expansão das eólicas, pelo menos nos próximos três anos, é garantida pela venda de projetos nos leilões voltados para o segmento. O custo da energia eólica baixou e já chega a ser mais vantajoso do que a energia termelétrica, que gira em torno de R$ 140 a R$ 150 por MWh (megawatt-hora). Nos três leilões feitos até hoje, o custo médio da eólica foi de R$ 140 por MWh. A geração hidrelétrica, a mais barata do mercado, custa, em média, R$ 110 por MWh.
Anteriormente, o custo para gerar pela força dos ventos ultrapassava os R$ 200 por MWh. Praticamente não havia fabricantes no país, e era preciso importar os equipamentos a custos elevados. "A perspectiva de crescimento está ligada ao fato de o preço ter caído. Sempre tivemos potencial, mas, quando é caro, não dá para construir", disse o presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim. Até hoje, foram feitos três leilões com participação de 142 empreendimentos eólicos que totalizam 3.852 MW de capacidade instalada.
Essas usinas começam a entrar em operação a partir do ano que vem.
A tendência é que os leilões com eólicas sejam mantidos e o mercado se consolide de vez. "Nos próximos dez anos, é preciso que se adicione 2.500 MW por ano para que a energia eólica se estabeleça de vez", observa Terrelli.
Fonte: Diário do Nordeste 6/1
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