sábado, 12 de fevereiro de 2011

EDP sugere clusters eólicos para manter preços baixos

A companhia portuguesa EDP, que atua na geração de energia eólica em diversos países do mundo, acredita que os preços competitivos que a fonte tem alcançado no País vieram para ficar. Para Miguel Setas, CEO da EDP Renováveis, o momento do setor também é de consolidação, com preços bastante próximos aos das outras fontes de energia.
"Possivelmente, temos no Brasil os preços de eólica mais baixos do mundo. O resultado dos leilões mostra que a tendência de baixa nos preços vai ser estável", prevê o executivo. Para ele, essa característica do mercado brasileiro exige mais dos investidores. "O que está em questão não é mais o valor da energia, e sim a qualidade dos projetos", garante Setas. Segundo o português, o importante é oferecer "bons produtos e buscar a otimização do investimento".
"Essa pressão que existe no preço hoje é algo que faz a gente olhar para a cadeia de valor. O setor teve uma evolução muito rápida e competitiva, portanto temos que ter soluções diferentes", avalia o executivo. Ao analisar caminhos para otimizar ainda mais os projetos eólicos no País, Setas toma como exemplo o modelo português e ressalta a importância de se desenvolver uma indústria local, contando, inclusive, com apoio do governo. Em Portugal, um plano de desenvolvimento eólico levou à instalação de um cluster industrial, com as empresas reunidas em um mesmo local, o que favoreceu a logística e facilitou o crescimento da fonte.
"A solução mais adequada ao Brasil, por suas dimensões continentais, é a de clusters regionais. Há dois grandes mercados, Nordeste e Sul. Nesses casos, um dos componentes principais é a logística, que é otimizada", exemplifica Setas. Ele lembra que, além disso, a criação dos centros de produção cria escala para os fabricantes e incentiva a formação de mão de obra capacitada. "Aqui no Brasil, temos sentido dificuldade em formar uma equipe. Capacitação de mão de obra é muito importante para garantir o desenvolvimento sustentável do setor no País".
O CEO da EDP Renováveis ainda acredita que os parques de geração de energia a partir da força dos ventos podem ser impulsionados também por possíveis atrasos em outros empreendimentos nos próximos anos. "A eólica pode ser uma alternativa a grandes projetos que tenham atrasos, porque é uma fonte de implementação rápida. E temos algumas grandes usinas que podem ter problemas ambientais pela frente", insinua o executivo. Embora Setas não cite nomes, não é difícil associar a frase às hidrelétricas de Belo Monte (11.233MW) e Teles Pires (1.820MW), as últimas licitadas pelo governo. Ambas enfrentam ações do Ministério Público que ameaçam suspender suas obras antes mesmo do início.
Fonte: Jornal da Energia 10/02

Nenhum comentário: