segunda-feira, 2 de maio de 2011

O futuro em Paquetá

O Rio de Janeiro vai sediar a Rio + 20, que revisitará a histórica Rio 92. É importante mostrar propostas inovadoras em matéria de meio ambiente.
Cerca de 75% da energia gasta no mundo – a grande causadora das emissões que afetam o clima e a qualidade do ar – se concentram nas cidades onde está a oportunidade para a verdadeira revolução da sustentabilidade.
No meio da Guanabara temos uma ilha-cidade com 4.500 habitantes. Poderíamos começar por ela a medir o quanto custa transformar a situação atual na desejada.
O primeiro passo é inventariar a emissão dos gases de efeito estufa na ilha. O último passo será, após a implantação das medidas recomendadas, refazer o inventário e confirmar a redução das emissões e o custo incorrido. O projeto será a maior demonstração, a céu aberto, de técnicas de sustentabilidade.
Há que se começar com as concessionárias mudando sua forma de agir. A Light pode instalar painéis fotovoltaicos e aquecedores solares nas residências. Iluminação racional com leds, tabletops de cerâmica, fornos de microonda e outros eletrodomésticos eficientes. Todo transporte na ilha seria elétrico.
A Comlurb implantaria a coleta seletiva, uma unidade de processamento e compactação. A Cedae reduziria as perdas, trataria a água e a rede de esgoto seria separada da de águas pluviais, além de substituir o ineficaz sistema de tratamento dos afluentes.
A prefeitura pode rever o Código de Obras e Conduta Urbanos, a iluminação pública racional e promover coleta de água da chuva (isso pode representar uns 10% do consumo total). O engajamento responsável da população – na ilha existem associações muito eficazes – ajudará a se alcançar os grandes objetivos.
Pode-se fomentar a agricultura orgânica para o consumo local e a despoluição da baía ensejará disponibilidade de peixes criados em viveiros naturais. As favelas devem ser coibidas no seu crescimento, ter titularidade reconhecida e algumas residências remanejadas no local.
Diversos pontos de interesse náutico, turístico e cultural podem ser mais bem aproveitados, dentre outros a ilha de Brocoió, que abriga um belo palacete outrora dos Guinle, a Ilha de Jurubaíba, que pode voltar a parecer o que era no ano do descobrimento do Brasil. Em poucos minutos de lancha pode-se acessar os manguezais de Guapimirim – um pequeno “pantanal” fluminense – o futuro Parque da Estrela e as ruínas do Convento de São Boaventura.
A Associação Comercial do Rio de Janeiro está formatando este projeto já com apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado. É hora de mostrar ao mundo uma ilha, que é uma pequena cidade, sustentável, no meio de uma baía despoluída.
Fonte: O Globo

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