sexta-feira, 2 de março de 2012

CPFL Renováveis garante que ainda tem fôlego para novas aquisições

Mesmo após comprar as geradoras Siif Ènergies e Bons Ventos, ambas detentoras de parques eólicos viabilizados pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), a CPFL Renováveis ainda tem fôlego para novos negócios e mantém a estratégia de alcançar uma rápida expansão no setor. Quem garante é o diretor de novos negócios da companhia, Alessandro Gregori, que conversou com o Jornal da Energia nesta terça-feira (28/2).
"A questão do crescimento em renováveis é o driver principal de criação da CPFL Renováveis e a empresa tem esse foco. Crescer e consolidar o setor. Esse crescimento pode chegar através de compras ou da carteira de projetos", aponta o executivo. Ele ainda destaca que, no caso dessas usinas, que vendem a produção para a Eletrobras a preços próximos dos R$300 por MWh, contra o patamar perto de R$100 por MWh dos últimos leilões, ainda há importantes ganhos de eficiência operacional.
"Os parques da Bons Ventos são vizinhos dos que compramos da Siif, todos com equipamentos Suzlon. Isso dá uma sinergia de manutenção e operação desses equipamentos e melhora ainda mais a atratividade dos projetos", explica Gregori. Outro fator importante é que as usinas estão em operação e, portanto, já geram um caixa "considerável". Segundo cálculo da Ágora Corretora, o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) dos projetos da Bons Ventos deve ser próximo de R$150 milhões em 2012.
As aquisições da CPFL não se restrigiram a usinas do Proinfa - envolveram também quatro plantas da espanhola Cobra Instalaciones no Rio Grande do Sul, ainda em construção, e a PCH Santa Luzia. Para Gregori, "todo projeto de geração renovável é um potencial alvo da CPFL Renováveis". Nesse radar entram usinas eólicas, a biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
"A CPFL Renováveis, pelo porte que tem, pela capacidade que tem, tem condições de continuar fazendo aquisições, sim. Ela tem fôlego financeiro, tanto em caixa quanto em alavancagem", afirma o diretor. Ele diz que "tudo vai depender da condição negociada" e do retorno para os acionistas.
O diretor, porém, não quis comentar se a empresa participará do próximo leilão de energia A-3, marcado para março deste ano. "Temos vários projetos, mas não posso dizer que vamos (disputar). Nosso foco é ter o melhor resultado para o acionista. A partir do momento em que a gente entende que aquisições de projeto em operação estão dando um retorno mais interessante, vamos para esse lado. Se for leilão, vamos para eles. O importante é ter essa flexibilidade".
Ainda assim, Gregori comenta que "os preços dos leilões têm sido puxados para baixo", assim como os valores dos contratos no mercado livre, devido à perspectiva de sobras de energia. Nesse cenário, inclusive, PCHs e biomassa têm ficado de lado.
"Se você olhar os preços para energia incentivada hoje, é difícil para você ter uma taxa de retorno interessante para eólica. O que se dirá de PCHs, que têm um custo e um risco de construção bem mais alto? Efetivamente, as PCHs hoje estão um pouco paradas", analisa. O diretor ressalta que, apesar do momento, a empresa "continua com o desenvolvimento dos projetos para estar pronta quando o mercado estiver interessante novamente".
Na área da biomassa, Gregori lembra que a busca da CPFL tem levado até a negócios que envolvem parcerias com usineiros. "Quanto mais competitivo é o mercado, mais criativas e competitivas têm que ser as soluções. A gente tem usado as armas que a gente tem. Porte, credibilidade, o fato de ter uma comercializadora forte no grupo...são diferenciais que a CPFL tem para crescer nos três segmentos (eólica, PCH e biomassa)".
"O importante é destacar a importância do crescimento do potencial que a CPFL dá para o crescimento das renováveis, da consolidação do setor, as estratégias para maximiar o retorno para o acionista. Quanto maior a gente fica, mais retorno consegue extrair. Crescimento é a alma para você cada vez mais consolidar e extrarir valor", resume o executivo.
O plano estratégico da CPFL Renováveis aponta para um potencial de chegar a um portfolio de 4,2GW em usinas em operação, o que contempla basicamente os projetos já em carteira e em desenvolvimento na companhia. Não há um prazo para alcançar o objetivo, mas Gregori garante: "vamos buscar fazer o mais rápido possível".
Fonte: Jornal da Energia 29/02

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