sábado, 27 de outubro de 2007

Nordeste desperdiça potencial

Abundância de ventos e de sol são vantagens naturais que vão ao encontro da tendência de limpeza da matriz
O Ceará precisa realizar investimentos maciços e destravar a carteira de projetos de capital privado para reverter seu elevado grau de dependência energética em relação à produção feita em outros estados. Para atingir esta meta, a abundância de ventos e de radiação solar são vantagens naturais que vão ao encontro da tendência internacional de ´limpeza´ da matriz.
Entretanto, estas fontes alternativas ainda saem a um custo mais elevado que as tradicionais, dependendo de uma gama de incentivos do poder público para se tornarem atraentes à iniciativa privada.
Investimentos
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas de Energia (MME), projeta que até 2030 serão necessários investimentos de US$ 800 bilhões para assegurar que a disponibilidade de energia acompanhe o incremento na demanda no período. Como o sistema elétrico nacional é completamente interligado — todas as geradoras lançam sua produção diretamente no sistema, de onde as operadoras a adquirem para repassarem ao consumidor final — a localização dos empreendimentos é irrelevante do ponto de vista do abastecimento.
´Já pelo viés econômico, a entrada em operação de usinas representa um aquecimento bastante interessante por conta dos empregos gerados e dos impostos arrecadados com seu funcionamento´, diz o presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales.
Segundo o Balanço Energético Nacional divulgado pelo Ministério de Minas de Energia (MME), o Ceará tem capacidade instalada para buscar no sistema único cerca de três quartos de sua demanda por energia elétrica. Contudo, com a paralisação das operações das duas térmicas que estão instaladas aqui, por escassez de gás natural, há quase dois anos, o Ceará produz hoje menos de 1% da energia consumida pelas empresas e pelas famílias.
De acordo com o coordenador de Energia e Comunicações da Seinfra (Secretaria de Infra-estrutura), Renato Rolim, a única produção local vem dos três parques eólicos que se encontram em operação na Taíba, na Prainha e no Mucuripe, que somam 17,4 MW de capacidade. Mesmo quando plenamente explorados, os equipamentos só asseguram o equivalente a 0,28% do consumo.
Caso as térmicas da Petrobras e da Endesa estivessem operando sempre, o nível de atendimento dos empreendimentos locais chegaria a atender 25,6% da pressão por consumo: enquanto o consumo chega a 2.178 gigawatts hora (GWh), a produção ficaria em apenas 559 GWh.
Fonte: Diário do Nordeste

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