quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Areva cresce 15% no Brasil e investe mais em bioenergia

São Paulo, 15 de Janeiro de 2008 - Apesar da ameaça de uma crise no setor energético - ou por causa dela -, a Areva, uma das maiores empresas de distribuição e transmissão do mundo, aguarda um crescimento de 15% no fechamento do balanço de 2007 no Brasil, sobre os R$ 498 milhões que faturou um ano antes.
Fornecedora de equipamentos e energia para grandes distribuidoras e empresas do País, a Areva vive momento de alta dos investimentos no setor, movida tanto pelo crescimento industrial quanto pela prevenção de uma possível escassez.
"Nós temos uma expectativa de que o racionamento não vai acontecer", diz Sérgio Gomes, presidente da divisão de transmissão e distribuição da Areva no Brasil. "Como supridores, estamos trabalhando em projetos de transmissão. Temos que esperar que na área de geração os investimentos também acelerem, para que haja aumento da oferta", completa.
Para 2008, a Areva brasileira conta com o impulso que a matriz, na França, deu no início deste ano, ao concluir a compra da finlandesa Nokian Capacitors. Especializada na produção de capacitores e sistemas de compensação, usados para a otimização da transmissão de energia, a Nokian traz para a Areva equipamentos com os quais não trabalhava.
No Brasil, a divisão presidida por Gomes passa a representar os produtos finlandeses que a Nokian já vinha comercializando no País desde 2004. "Sem dúvida iremos crescer mais com essa aquisição. O Brasil é um país que, por suas características, exige linhas de transmissão muito longas e complexas. Se você pegar a nossa malha energética e jogar na Europa, consegue ligar Lisboa a Moscou. Os componentes da Nokian atendem essa complexidade".
Entre as realizações da Areva estão subestações para projetos de companhias do porte de Eletropaulo, Furnas, Vale e Petrobras. Também vieram da Areva os equipamentos para a renovação de três dos cinco centros de operação do Operador Nacional do Sistema (ONS), além de a empresa ter fechado com a Odebrecht o fornecimento de equipamentos da hidrelétrica de Santo Antônio, que será construída no Rio Madeira.
Com atuação mais acanhada no Brasil, embora seja líder mundial na área, a Areva também é especializada em soluções para energia nuclear. Aqui, equipou a usina de Angra 2, está fornecendo novos geradores para a renovação de Angra 1 e espera participar do projeto de Angra 3, que deve ter início em setembro.
Bioenergia e novas aquisiçõesCom soluções que atendem geração hídrica, térmica, nuclear e eólica, a energia originada da biomassa é uma área em que a empresa se prepara para crescer especialmente no Brasil. "A Areva está em um processo de ampliação e deve continuar com a política de aquisições. No Brasil, muito em breve anunciaremos novas compras", disse Sérgio Gomes, sem adiantar nomes.
A Areva criou uma divisão específica para bioenergia no ano passado e já foram levantadas duas usinas, no Pará, além de outras quatro em andamento.
"Estamos fazendo um investimento forte nisso agora. Este é um mercado que pode ajudar muito como alternativa em um cenário em que se fala de crise energética. A biomassa no Brasil tem um potencial para gerar 3 mil megawatts, quase uma usina do Rio Madeira", disse Gomes, lembrando que a usina de Santo Antônio terá potência de 3.150 MW.
Participação no Brasil
A atuação no Brasil começou em 2004, quando a Areva comprou, em nível mundial, a divisão de distribuição e transmissão de energia da também francesa Alstom. Tem no País quatro escritórios, em São Paulo, e três fábricas, uma na capital paulista e as outras em Canoas (RS) e Itajubá (MG). No mundo, tem 67 instalações industriais.
Nas fábricas brasileiras produz disjuntores, sistemas para centros de controle, transformadores e reatores que chegam até 800 kilovolts - nível mais alto de tensão comercializado atualmente no mundo. Parte do que é produzido é destinado para exportação. Em 2006, foram R$ 60 milhões em vendas externas - 11% do faturamento.
Sérgio Gomes conta que, na unidade gaúcha, a exportação chega a representar quase 50% da produção, enquanto em Minas significa entre 20% e 30%. Os produtos vão para países como Chile, Argentina, Estados Unidos e Canadá, além de outros na América, Oriente Médio e Europa.
A matriz da empresa reserva anualmente 5% do seu faturamento, ou cerca de €500 milhões, para investir em pesquisa e desenvolvimento nos mais de cem países em que atua. Disso, chegam no Brasil entre € 8 milhões e €10 milhões, conta Gomes.
O aporte para a atuação brasileira rendeu em 2007 a inauguração de um novo laboratório de pesquisa e o início da ampliação da fábrica de Itajubá. "Algumas linhas de nossas fábricas já estão com quase 100% de sua capacidade tomada", conta Gomes. Atualmente, a produção de Itajubá equivale a uma potência de 12 mil megavolts-ampére (MVA). Com a ampliação, que deve ser finalizada em 2009, chegará aos 20 mil MVA.
Fonte: Gazeta Mercantil

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