quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A água quente do chuveiro deixa de ir para o ralo

Minas Gerais - Foi durante um banho de ducha, em 1998, que o tecnólogo José Geraldo de Magalhães reparou no desperdício da água quente escoando pelo ralo. Em um mês, inventou um sistema que aproveita esse calor para aquecer a própria água do chuveiro. "Só que foram necessários sete anos de testes e melhoramentos. E só chegamos à viabilidade econômica do produto e da empresa, quando a Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig) comprou a idéia", diz ele, que fundou a Rewatt, empresa que produz o recuperador de calor do chuveiro.
Em 2001, lembra ele, no auge do apagão de energia, a concessionária mineira repassou R$ 16 mil a fundo perdido para certificar o projeto junto ao Grupo de Estudos e Energia (Green-Solar) do Instituto Politécnico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Os testes comprovaram a redução de até 44% no consumo de energia. Mas eram necessários melhoramentos. O que foi possível com a entrada de dois sócios, Valério José Monteiro e Marco Antonio Resende, que aplicaram cerca de R$ 500 mil no negócio.
O princípio é simples, explica Resende. Em vez de ir para o ralo, a água quente do chuveiro segue para um acumulador, caixa instalada no chão contendo uma serpentina de alumínio, que é o trocador de calor. Completam o sistema duas mangueiras. A primeira leva a água da rua para a serpentina, onde ocorre a troca de calor. A segunda transporta até a ducha essa água limpa que atingiu cerca de 20º C ao passar pela serpentina. "Se ela chega morna, necessita-se menos energia para que alcançar os 38º C, usuais na posição inverno das duchas", ensina Rezende.
Isso permite substituir chuveiros de 5.400 watts pelos de 2.000 watts, ou de 4.400 watts por 1.800 watts, sem prejudicar o conforto térmico do usuário. "Economizam-se pelo menos 20% no consumo de energia da residência, sobretudo no horário de pico, entre 18 e 22 horas."
A Cemig adotou a inovação tecnológica no Projeto Conviver, que promove ações de eficiência energética, orientação para a utilização consciente da eletricidade e regularização das instalações, conforme previsto pela Aneel, em cerca de 50 mil residências de 11 comunidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG).
De um total de R$ 21,5 milhões aplicados em 2007 no Conviver, relata Henrique Fernando França Costa, coordenador do projeto, cerca de R$ 5,5 milhões foram divididos entre doações de 3 mil recuperadores de calor, 156 mil lâmpadas compactas, mais econômicas que as incandescentes, e 1,5 mil geladeiras eficientes, além de melhorias nas instalações elétricas das residências. Outros R$ 14 milhões foram aplicados em novas tecnologias de rede e medição.
A doação tem critérios bem estabelecidos: "As residências devem estar adimplentes com a Cemig, ter pelo menos quatro pessoas, e consumo médio superior a 90 kWh mensais". Abaixo dos 90 kWh/mês, esclarece Costa, chega-se à tarifa social, isenta do ICMS. A seleção cabe aos Agentes Conviver, pessoas da própria comunidade treinadas pela Cooperação para o Desenvolvimento da Morada Humana (CDM), Ong contratada pela concessionária mineira.
É uma operação ganha-ganha, explica o executivo. Para a empresa, a regularização do consumo de energia gera uma recuperação de receita, prejudicada por ligações clandestinas, fraudes e inadimplência. Também cai o índice de assaltos e agressão contra nossos eletricistas. E a imagem da empresa é beneficiada.
Fonte: ProcelInfo

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