O CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) decidiu nesta quinta-feira repassar o gás usado hoje nas refinarias da Petrobras para termelétricas, para aumentar a geração de energia elétrica. As térmicas, mais caras e poluentes, foram acionadas por conta da baixa do nível dos reservatórios da usinas hidrelétricas.
Apesar do aumento das chuvas na última semana, o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, disse que as termelétricas a óleo deverão continuar ligadas em fevereiro, para garantir a segurança do setor. Além disso, as usinas a gás, que são mais baratas, deverão funcionar durante todo o ano para poupar os reservatórios das hidrelétricas para o ano que vem.
"Mesmo a meteorologia apontando para uma melhora significativa, manteremos a operação do maior número possível de térmicas. Preferimos trabalhar com a visão da segurança", afirmou.
Agora, com o gás utilizado normalmente para consumo próprio da Petrobrás deverão ser produzidos cerca de 750 MW (megawatts). Na semana passada, o CMSE já havia acionado térmicas a óleo com capacidade para gerar 800 MW.
Em fevereiro, esse montante poderá aumentar para 1.255 MW com a entrada de novas usinas a óleo, como a TermoCuiabá. A usina, que enfrenta problemas para receber gás da Bolívia desde o ano passado, é bicombustível.
De acordo com o ministro, existem ainda problemas de logística, como a falta de caminhões adaptados para transportar o óleo diesel. No caso da TermoCuiabá, que gerará 150 MW inicialmente, são necessários dois caminhões por hora para garantir o abastecimento. Outra alternativa virá com a entrada em funcionamento do gasoduto Cabiúnas (RJ)-Vitória (ES), que levará gás para usina em Macaé (RJ), com produção entre 900 MW e 1000 MW a partir da metade de fevereiro.
O governo utilizará as termelétricas como substitutas de hidrelétricas até que os reservatórios atinjam níveis ideais. Para o fim de abril, por exemplo, os reservatórios de Sudeste e Centro-Oeste deverão estar com 68% da sua capacidade para enfrentar o período da seca. Atualmente, os reservatórios nestas regiões estão em 44,84%.
"A preocupação é sempre atender dois anos, ou seja, chegar ao fim de 2008 com níveis de reservatórios para atender 2009."
Leilão
Outra medida confirmada nesta quinta pelo governo são leilões de energia para contratar usinas térmicas que funcionarão como uma espécie de reserva para o setor elétrico. Elas só entrarão em operação em caso de escassez de chuvas ou problemas nas outras usinas --a regulamentação da contratação de energia de reserva foi publicada hoje no "Diário Oficial".
Nelson Hubner, porém, explica que a regulamentação já estava prevista e não tem relação com a crise provocada pela falta de chuvas. O ministro explicou que a conta para a contratação de usinas de reserva será repartida com todos os consumidores do país.
Nos últimos dias, diante da falta de chuvas, levantou-se a possibilidade de um novo apagão de energia elétrica ou mesmo um racionamento neste e no próximo ano. O ministro, porém, negou o risco.
Cargo
Nelson Hubner, que ficou no cargo de ministro de Minas e Energia interinamente por oito meses, confirmou nesta quinta-feira que deixará a pasta com a posse do senador Edison Lobão (PMDB-MA), marcada para próxima segunda-feira.
O nome de Lobão foi confirmado ontem, após um encontro entre o senador e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hubner informou que, a pedido do presidente Lula, continuará no governo, mas não disse em que órgão trabalhará. Hubner deverá tirar um mês de férias antes de assumir novo cargo.
Fonte: Folha Online
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