segunda-feira, 3 de março de 2008

Ousadia e modernidade

China - O clássico estilo chinês imortalizado há quase 700 anos na Cidade Proibida dividirá a atenção dos espectadores da Olimpíada de Pequim com alguns dos mais ousados exemplos de arquitetura contemporânea, que transformaram a antiga capital imperial em um laboratório do design e da tecnologia de construção mundiais.
Todas as grandes obras relacionadas direta ou indiretamente aos Jogos foram concebidas por arquitetos estrangeiros consagrados, escolhidos em concursos internacionais promovidos pelo governo chinês.
Os projetos desafiam o óbvio e incluem o formato oval do novo Teatro Nacional, concluído em 2007, os galhos de aço do Estádio Olímpico, as bolhas do Centro Aquático Nacional e a enorme estrutura vazada da nova sede da principal rede de televisão estatal da China, a CCTV.
Concebido pelos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron, o Estádio Olímpico será a sede das principais competições e vai impressionar com sua estrutura de vigas de aço retorcidas, que têm extensão total de 36 quilômetros e peso de 43 mil toneladas. Batizado de Ninho de Pássaros, o estádio custou US$ 420 milhões e terá capacidade para 91 mil pessoas.
Vencedora em 2001 do prêmio de maior prestígio da arquitetura mundial, o Pritzker, a dupla Herzorg & de Meuron foi responsável pelo projeto da galeria Tate Modern, em Londres, concluído em 2000, e do estádio Allianz Arena, em Munique, na Alemanha.
As vigas de aço que formam o 'ninho' funcionam ao mesmo tempo como estrutura e fachada do estádio. Elas abraçam uma área de convivência que circunda toda a área esportiva interna e na qual haverá passarelas para pedestres, jardins, cafés, restaurantes e lojas. A idéia dos arquitetos é que este território ganhe vida própria e seja utilizado pela população de Pequim depois da Olimpíada de maneira independente de eventos esportivos.
A menos de 500 metros do Estádio Olímpico se levanta o Centro Aquático, uma estrutura retangular integrada por formas que reproduzem gigantescas bolhas de sabão. Projetado pelo escritório de arquitetura australiano PTW, o edifício parece uma imensa piscina que brota do chão e se mantém suspensa por uma força invisível.
O desenho das bolhas parece aleatório, mas foi concebido com base em fórmulas matemáticas e físicas, que buscam a maneira mais eficiente de preencher um espaço infinito com formas determinadas. A estrutura do Cubo D'Água é de aço e a percepção de leveza do edifício deve muito à utilização de um material plástico chamado copolímero de etileno-tetrafluoretileno - conhecido pela providencial sigla ETFE.
Com apenas 1% do peso do vidro, o ETFE possui qualidades que o transformaram no protagonista de uma revolução arquitetônica. Sua maleabilidade permite que ele assuma diferentes formas, entre as quais as bolhas do Cubo D'Água, que são infladas por um sistema de ar. Algumas chegam a ter diâmetro de quase dez metros, sem nenhuma suporte adicional - feito que não seria obtido com o uso de vidro. O ETFE permite maior passagem de luz e calor, reduzindo em 30% o consumo de energia, o que atende à expectativa do governo chinês de realizar uma 'Olimpíada Verde'. As piscinas serão aquecidas com energia solar e haverá um sistema de filtragem e reaproveitamento da água.
O ETFE também estará presente no Estádio Olímpico. Os espaços entre as vigas de aço do Ninho de Pássaros poderão ser preenchidos por 'almofadas' feitas do material plástico, que serão infladas em caso de chuva ou neve. Quando abertos, esses espaços permitirão a ventilação natural do estádio, dentro do espírito de sustentabilidade e conservação de energia.
Além da Vila
Fora da área olímpica, as principais atrações arquitetônicas serão o Teatro Nacional, a sede da CCTV e o novo aeroporto internacional. De todos, o mais impactante é o edifício que abrigará a televisão estatal. Projetado pelo holandês Rem Koolhaas, vencedor do Pritzker em 2000, o prédio não se parece com nada que já tenha sido construído no mundo. São duas torres inclinadas, conectadas nas extremidades pelo que parecem ser duas outras torres, com a diferença de que são construídas na horizontal. A da parte superior flutua e conecta nada menos do que 15 andares dos dois edifícios, o que forma um 'looping' quadrado.
O projeto representou um enorme desafio para os profissionais da Arup, a empresa de engenharia com sede em Londres que teve a tarefa de encontrar soluções tecnológicas para viabilizar algumas das principais obras de Pequim, incluindo o Estádio Olímpico, o Cubo D'Água e o aeroporto internacional.
Localizado próximo à Cidade Proibida, o Teatro Nacional acrescenta mais uma camada de estilo arquitetônico ao coração de Pequim, que no século passado abandonou os telhados amarelos da era imperial para abraçar os edifícios stalinistas do Grande Palácio do Povo e do Museu Nacional, nas margens leste e oeste da Praça da Paz Celestial.
Projetado pelo arquiteto francês Paul Andreu, o Teatro Nacional parece um gigantesco olho refletido no espelho d'água que o circunda e, em razão do seu formato, passou a ser chamado de 'casca de ovo'. Coberto de vidro e titânio, o espaço possui três salas: a ópera, com 2.398 lugares, a sala de concertos (2.019) e o teatro (1.035).
Fonte: ProcelInfo

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