sexta-feira, 25 de julho de 2008

Ambientalistas acusam Constâncio de desconhecer custos do nuclear

A Quercus e a Liga para a Poteção da Natureza dizem que o governador do Banco de Portugal não sabe que o nuclear é um erro também do ponto de vista financeiro. Foi a primeira reação às palavras de Victor Constâncio sobre a necessidade de olhar para o nuclear como alternativa energética.
O governador do Banco de Portugal surpreendeu dos deputados numa comissão parlamentar que discutia a revisão em baixa do crescimento da economia, ao dizer que "a alteração estrutural dos preços da energia está para ficar e tudo tem de ser discutido, incluindo o nuclear".
Estas declarações motivaram o protesto das organizações ambientalistas, mas também o presidente da Agência de Energia do Porto considerou que as palavras de Constâncio "só pode ter sido um lapso", porque a energia nuclear tem "implicações do ponto de vista do território e da própria energia elétrica". Eduardo Oliveira Fernandes diz que é "inoportuno" lançar "a discussão quando não existe documento para discutir e porque este Governo disse que a energia nuclear não seria tema a debater neste mandato".
A Quercus preferiu apontar baterias à principal motivação de Constâncio: "Um dos principais argumentos contra o nuclear é que é muito insustentável do ponto de vista de custos", declarou à agência Lusa o dirigente ecologista Francisco Ferreira. "Só por ingenuidade sobre o sistema energético ou por desconhecimento das prioridades do ponto de vista de custo é que podem ter sido feitas as declarações do governador do Banco de Portugal", afirmou o dirigente da Quercus.
Para a Liga para a Proteção da Natureza, é também do lado economico que surgem as críticas ao debate suscitado por Constâncio. "O debate é sempre útil, até porque tem estado inquinado. A mentira permanente de não quererem fazer as contas leva à necessidade de um debate sério", afirmou o ambientalista. "Quanto custa qualquer avaria numa central? Quanto custa o encerramento duma central?", questionou o ambientalista, que quer conhecer estas contas "do berço até à cova", sem excluir a parte dos resíduos radioativos.
Do lado do lóbi pró-nuclear, o ex-ministro de Cavaco e atual presidente do Banco BIC, Mira Amaral, apoia Constâncio e diz mesmo que não se pode avançar para o TGV" sem ter uma forma de "energia estruturante" e que até os carros eléctricos anunciados pelo governo poderão ser movidos a energia produzida a partir das centrais nucleares.
FONTE: ESQUERDA.NET

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