quarta-feira, 23 de julho de 2008

Ceramistas querem reduzir o uso industrial da lenha no RN

Depois de ver que as tentativas de trazer o gás natural para o Vale do Açu e Apodi foram frustradas, os ceramistas da região resolveram desenvolver técnicas de uso sustentável da lenha, principal combustível utilizado pelo setor para produção de tijolos e telhas. Embora a utilização da madeira ainda seja considerada um processo degradante - não só pelo corte das árvores, mas também pela queima do produto que libera gás carbônico na atmosfera - os empresários estão encontrando alternativas para evitar o desmatamento e reduzir a emissão de gases nocivos na atmosfera.
Informações do Balanço Energético do Rio Grande do Norte 2006, o levantamento mais atualizado sobre o setor de energia no Estado, mostram que a lenha ainda é o combustível mais consumido pelas indústrias e residências potiguares. A participação é de 25,4%, ficando a frente até mesmo do óleo diesel, concentrado no setor de transportes, com 18,6%. Ainda de acordo com o Balanço Energético, as fábricas de cerâmica respondem por 32,1% do consumo de madeira entre as indústrias.
O presidente do Sindicato da Indústria Cerâmica do RN (Sindcer), Pedro Terceiro de Melo, defende a queima de madeira argumentando que trata-se de uma fonte inesgotável e renovável, desde que utilizada de forma sustentável. “Algumas empresas realizaram melhoria nos fornos e conseguiram reduzir em até 70% o consumo. Antes quem consumia cerca de 2 metros (estéreis) de lenha, chegaram hoje a apenas 0,3 metros”.
Atualmente, 73 indústrias estão filiadas ao Sindcer, mas 166 cerâmicas estão em atuação em todo o Estado. Duas delas já utilizam o gás natural, mas segundo Pedro Terceiro, o valor desta energia alternativa é mais de 100% acima do custo da lenha.

Assu

Aproximadamente 27 cerâmicas atuam na região de Assu e Apodi, sendo que cada uma produz cerca de 500 mil telhas por mês. Para cada milheiro, calcula-se que elas consumam 1,2 metros estéreis de lenha. O presidente da Associação dos Ceramistas do Vale do Açu e Apodi, Genival Dantas Batista, reconhece que a atividade produz um prejuízo ao meio ambiente, mas ressalta que há um esforço concentrado dos empresários de todo o Rio Grande do Norte para evitar a degradação e implantar um sistema sustentável. Uma das ações realizadas para isso é a elaboração de planos de manejo para a região, com projetos de plantio de árvores, para recuperar a parte da vegetação que tenha sofrido com o extrativismo. Outra postura é estimular cada vez mais a queima da poda de cajueiro, casca da castanha de caju e pó de serraria como combustível alternativo.
Além disso, inspirados em uma tecnologia já utilizada no Ceará, alguns produtores já estão adotando um novo modelo de forno que promete oferecer uma economia de até 50% no uso da lenha. “Isso significa benefício para o meio ambiente e também para o produtor porque torna o produto mais competitivo, devido ao custo menor da produção”. Em julho deste ano, uma propriedade iniciou a utilização do novo forno e mais iniciaram o pré-aquecimento para operar.
A estimativa do presidente da Associação é que em cerca de cinco anos, 90% dos fornos antigos sejam substituídos pelo novo sistema que tem como princípio aproveitar o calor das câmaras evitando que ele se perca. Com isso, a quantidade de lenha necessária para reaquecer o forno é menor. Outra vantagem é que a redução de até 80% a emissão de gases.
FONTE: TRIBUNA DO NORTE

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