Há 11 empreendimentos eólicos outorgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para serem iniciados no Rio Grande do Norte. A previsão é que (juntos) esses empreendimentos gerem um total de 853.100 kilowatts de energia elétrica. Apesar dessa possibilidade, todas essas usinas eólicas continuam existindo somente no papel e no site da Aneel. Isso ocorre pela falta de um programa específico do Governo que garanta a compra da energia produzida por estes empreendimentos. Quem entende bem essa situação é a Iberdrola, empresa que possui um dos dois únicos parques eólicos existentes e em operação no Rio Grande do Norte. O parque eólico de Rio do Fogo gera atualmente 49.300 kilowatts e está localizado a 81 quilômetros de Natal. O gerente de Desenvolvimento de Negócios da Iberdrola Renováveis para América Latina, Telmo Gabarain, explica na entrevista a seguir todas as dificuldades que fazem com que o Rio Grande do Norte esteja desperdiçando uma grande oportunidade de desenvolvimento na área de energia.
Qual é a avaliação que a empresa faz, nestes dois anos de funcionamento do parque eólico Rio do Fogo?
Muito positiva, o parque eólico está gerando energia conforme o previsto e não houve nenhum problema em sua conexão e funcionamento no sistema elétrico. Além do que a relação com o INCRA, proprietário do terreno, e com as autoridades regionais têm sido muito satisfatórios.
A empresa tem intenção em ampliar ou instalar outros parques no Estado?
O parque eólico tem capacidade para ser ampliado e também estamos desenvolvendo outros projetos no Rio Grande do Norte os quais gostaríamos de dar continuidade, mas para isso é necessário que haja um regulamento específico para a comercialização da energia eólica, como já existe para outras fontes de geração. O governo anunciou a intenção de realizar um leilão específico para a energia eólica em 2009, o qual seria um passo importante, mas é necessário que esta medida não seja algo pontual, porém que assegure aos possíveis investidores um potencial de crescimento no médio/longo prazo.
Porque RN foi escolhido para a instalação do parque?
A região do Nordeste tem um grande potencial eólico e por isso a Iberdrola Renováveis analisou vários projetos tantos no Rio Grande do Norte como em outros estados vizinhos. O parque eólico Rio do Fogo, que se encontra no RN, foi escolhido por apresentar as melhores condições tanto a nível técnico como para cumprir com os compromissos do programa PROINFA.
No setor da energia eólica, qual é o “gargalo” que as empresas enfrentam hoje em dia no Brasil?É a falta de condições específicas para a comercialização de energia eólica. Os projetos eólicos, diferentemente de outras fontes de geração, têm custos variáveis praticamente nulos, logo a recuperação do investimento inicial é o que os investidores devem assegurar-se. Portanto, como comentamos anteriormente, requer um ajuste específico para a energia eólica que assegure o retorno deste investimento como já existe em outros países que obtiveram importante desenvolvimento eólico, como por exemplo, a Espanha, Alemanha ou Polônia. Recentemente, alguns países na América Latina como Chile, República Dominicana, Peru, Equador, Costa Rica ou o próprio Brasil através do PROINFA, estão implantando programas mais ou menos ambiciosos de apoio às energias renováveis. Os fatores principais que devem ser incorporados a esta regulação são a estabilidade e o retorno previsível ao investidor, dando-se também as condições para que os projetos tenham uma rentabilidade razoável. Outro aspecto importante é a possibilidade de importar equipamentos de outros países. O programa PROINFA impunha um limite muito restrito à importação, já que o Brasil não tem um mercado suficiente de fabricantes de aerogeradores que permita aos investidores desenvolverem um importante programa no país. Se for estabelecida uma regulação que dê aos investidores maiores condições neste sentido, estes poderão estabelecer maiores planos de desenvolvimento que, sem dúvida, atrairiam fabricantes de equipamentos para o Brasil.
Para onde vai a energia gerada no parque eólico Rio do Fogo?
O Parque eólico está conectado à rede de distribuição da COSERN no Rio Grande do Norte, que está interconectada com todo o sistema elétrico brasileiro, portanto a energia gerada se incorpora ao sistema misturando-se com o resto de geração de energia de todo o país, mas concentrando-se no subsistema elétrico do norte. A geração do parque é suficiente para abastecer 75.000 habitantes, considerando um consumo médio anual de 2 MWh por habitante.
Como a empresa avalia a situação do RN, um estado com bastante potencial eólico, mas que está pouco explorado?
Como uma grande oportunidade que no momento está sendo desperdiçada. O Rio Grande do Norte poderia ter grandes benefícios tanto a nível econômico como social, além de contribuir com mais segurança e eficiência energética ao país. Consta-nos que já foi realizado um importante numero de explorações de vento neste Estado, mas para que este número aumente é necessário o que foi dito anteriormente, ou seja, uma regulação que estabeleça as condições para que essas explorações possam converter-se em projetos rentáveis e no momento em que isto seja assim determinado, serão realizadas muito mais explorações que conseqüentemente trarão grandes investimentos ao Estado.
FONTE: TRIBUNA DO NORTE
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