Enquanto a vanguarda do atraso financia usina a carvão importado, a mais poluente do mundo, alguns setores do governo tentam caminhar no sentido da sustentabilidade. Entre os projetos limpos desenvolvidos pelo País está a energia solar de médias e altas temperaturas. Diferentemente dos painéis usados em edifícios para aquecimento de água, a energia de altas temperaturas já é capaz de gerar 200 megawtts. Se fosse construída no Brasil e comparada às hidrelétricas, estaria entre as maiores 60 maiores do País. Mas vai ser construída no Arizona, nos Estados Unidos.
Por enquanto, o Brasil deve construir um projeto piloto para no máximo 3 MW, no norte de Minas Gerais, um trabalho desenvolvido e coordenado pelo professor José Poluceno, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), de Belo Horizonte, em parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). O empreendimento, com investimentos que devem superar R$ 1 milhão, é o primeiro do gênero no Brasil e usa concentradores cilíndrico-parabólicos.
O professor explica que os aquecedores populares com células fotovoltaicas, usados em residências aquecem água de 60º a 80º. O concentradores parabólicos pode elevar a temperatura de líquidos a 390º. "Uma indústria de massas, por exemplo, precisa de 130º", informa.
De acordo com Poluceno, hoje já é possível construir uma usina solar que forneça energia elétrica de forma perece, inclusive à noite. "Há dois tipos, uma mista, que pode ser complementada por gás, por exemplo, à noite ou em períodos sem sol, e outra puramente solar, que trabalha com reservatório térmico, capaz de fornecer energia à noite ou em dias nublados."
Por falta de escala de produção, o custo da energia solar ainda é elevado, mas, segundo o professor isso ocorre com qualquer tecnologia antes de sua disseminação. "Se fizéssemos uma licitação para construir uma usina solar hoje no Brasil teríamos muito dificuldade em obter fornecedores nacionais", afirma. Mas o quadro deve mudar. Poluceno informa que, em reunião na semana passada no Ministério da Ciência e Tecnologia, as cerca de 30 entidades presentes dos mais diversos setores foram unânimes em apoiar as energias alternativas limpas, com destaque para a solar.
O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Ronaldo Mota, defendeu a ampliação da matriz energética nacional e destacou a importância do incremento de tecnologia em energia solar de médias e altas temperaturas.
Projeto - A usina nacional está sendo desenvolvido dentro do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com o apoio da Fundação Cefetminas, no Campus II do Cefet-MG, por professores e estagiários da instituição, apoiados por consultores especializados.
Construída apenas com materiais disponíveis no mercado nacional, a miniusina utiliza concentradores cilíndrico-parabólicos para a captação de energia. Esses coletores funcionam refletindo a luz do sol, que elevam a temperatura do equipamento, gerando vapor e energia.
O convênio foi criado em 2002, e depois de dois anos de pesquisas a construção do primeiro módulo de captação de energia foi iniciada. Após os primeiros testes, foram construídos mais dois módulos. Com a conclusão do projeto, o equipamento será doado ao Cefet-MG para servir como laboratório de energia solar térmica e beneficiará diretamente alunos dos cursos de engenharia mecânica e elétrica.
DiárioNet
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