sábado, 19 de junho de 2010

Energia nuclear pode responder por 25% da matriz mundial em 2050, prevê estudo

Cerca de 25% da energia mundial poderá ser gerada por usinas nucleares até 2050. A previsão consta de estudo publicado nesta quarta-feira (16/06) pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) em conjunto com a Agência de Energia Nuclear (NEA, na sigla em inglês). Segundo o texto, a participação da fonte na matriz elétrica deve crescer em função de suas baixas emissões de carbono, o gás responsável pelo efeito estufa. A capacidade instalada em centrais nucleares passaria assim dos 370GW de hoje, que representam 14% da geração total no mundo, para 1.200GW durante os próximos 40 anos.
"Nos anos 80 a energia nuclear passou por um período de quesionamento por parte da opinião pública, na questão de segurança, de tratamento de resíduos. Hoje todos esses itens estão completa ou quase completamente atendidos, devido às tecnologias desenvolvidas. Creio que hoje não há mais esse questionamento", analia o ex-presidente da Eletronuclear, Zieli Thomé Dutra, que hoje atua como pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel - UFRJ). Dutra lembra que a Europa tem registrado um grande número de solicitações para a construção de novas usinas e que a busca por fontes não poluentes está estimulando o setor.
"Ela não polui, não emite gases do efeito estufa e é uma energia estável, que funciona a toda potência durante 11 meses do ano. Ela também não tem sazonalidade, então não precisa ser complementada por nenhuma outra fonte. Além disso, ela pode estar próxima aos centros consumidores", explica o pesquisador, que aponta os preços da energia nuclear como outro atrativo. "É bem competitivo. É uma geração mais barata que todas as térmicas e chega a competir com as hidrelétricas".
Dutra destaca o potencial de crescimento da energia nuclear no Brasil. Hoje, o País conta com duas usinas da fonte e trabalha na construção de Angra 3. O Ministério de Minas e Energia também planeja implantar de quatro a oito novas unidades até 2030. O pesquisador, porém, ressalta que o planejamento precisa ser mais estável. "Você tem que ter um programa de Estado de longo prazo. Ter uma visão de futuro, até para dar segurança ao investidor privado. Não pode ser uma coisa que muda quando muda o presidente", afirma.
Com essa ressalva, Dutra apoia a expansão nuclear no País "É a única possibilidade que o Brasil tem de aumentar seu potencial energético (com usinas que operam) na base da matriz. Não vai ser com térmicas que vamos fazer isso". Ele também aponta que será necessário formar mais profissionais no setor. "Isso, no momento, a Eletronuclear tem feito. Mas vai ser preciso se fazer em uma escala maior para atender às novas usinas".
Fonte: Jornal da Energia - 16/6

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