quarta-feira, 2 de junho de 2010

Estatais podem absorver riscos para viabilizar autoprodutores em Belo Monte

O consórcio Norte Energia, vencedor do leilão da hidrelétrica de Belo Monte (11.233MW), que será construída no rio Xingu (PA), segue em negociação com novos investidores para fechar sua formação definitiva. A usina terá 10% de sua produção destinada aos sócios autoprodutores. Essa fatia do projeto está sendo avaliada por diversas empresas, como Braskem e Gerdau, que confirmaram à reportagem que estão em tratativas. Uma preocupação, contudo, é comum às duas companhias: o risco de submercado.
Como o empreendimento será implantando na região Norte, onde os grupos não possuem fábricas, os grupos industriais temem sofrer prejuízos com as oscilações dos preços da energia entre os submercados brasileiros. "Estamos discutindo alternativas para resolver o problema dos submercados", afirma o diretor de energia da Gerdau, Érico
Segundo ele, o consórcio analisa se é possível que uma das grandes geradoras que estão no grupo Norte Energia, como a Chesf ou a Eletronorte, absorva as variações de submercado no lugar dos sócios autoprodutores de energia. "O autoprodutor não consegue enviar energia para outra região diretamente. Ele tem que comprar e pode acabar pagando um preço super elevado. A geradora já consegue absorver isso porque ela já tem toda a energia", explica o executivo da Gerdau.
A proposta, que está sendo primeiramente fechada dentro do próprio consórcio, ainda precisará do aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Sommer afirma que os investidores esperam uma resposta positiva do órgão regulador. Ele adianta que a agência já teria avaliado a alternativa como viável, após uma consulta realizada por uma associação do setor. "Sem isso, dificilmente nossa entrada será viabilizada", opina o executivo.
De acordo com Sommer, ainda há outras questões em negociação, como a própria organização do consórcio Norte Energia. A novidade é que um ponto que gerava polêmica entre os investidores "já não é uma preocupação" para a Gerdau. Antes do leilão da hidrelétrica, players da iniciativa privada apontavam que o custo da construção de Belo Monte poderia chegar a até R$30 bilhões. O orçamento fechado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) ficou em R$19 bilhões, o que levou interessados a se retirarem da disputa pelo empreendimento. "Já há uma relativa segurança quanto ao valor do investimento", revela o diretor da Gerdau. Como o Jornal da Energia já havia noticiado, o grupo Norte Energia garante que está desenvolvendo melhorias no projeto para diminuir o valor total da obra.
"O que podemos dizer é que agora temos mais informações e estamos mais perto de uma decisão", ressalta Sommer. Segundo o executivo, a Gerdau define sua participação ou não no projeto "nas próximas semanas". O que está em discussão no momento é ainda a entrada como sócio no consórcio Norte Energia. Caso isso não se concretize, a empresa avaliará se é possível adquirir a parcela de energia da usina que será destinado ao mercado livre. "Estamos olhando para as duas alternativas. Mas, por enquanto, o consórcio ainda não está pensando nessa segunda etapa", diz.
Fonte: Jornal da Energia 01/06

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