A Casa Branca anunciou ontem que vai voltar a instalar painéis solares para, a partir da Primavera de 2011, aquecerem água e gerarem electricidade no edifício. Os primeiros foram colocados em 1979 e retirados em 1986.
Os telhados da Casa Branca deverão receber entre 20 e 50 painéis solares para converter a luz do Sol em electricidade. Estes painéis vão gerar o dobro da electricidade que é consumida, em média, por habitação em Washington. A Administração Obama estima que, com a medida, vai poupar cerca de três mil dólares (2176 euros) por ano na conta da electricidade.
O secretário de Estado para a Energia, Steven Chu, revelou ontem que os painéis serão instalados no final de Maio ou início de Junho no telhado da Casa Branca. “Já se passou muito tempo desde que os tivemos lá em cima”, comentou Steven Chu numa conferência sobre energias “limpas” na Universidade George Washington. “Por todo o mundo, a Casa Branca é um símbolo de liberdade e democracia”, disse Chu. “Deveria ser também um símbolo do compromisso americano para com um futuro de energia limpa”.
O antigo Presidente democrata Jimmy Carter foi o primeiro a instalar painéis solares no telhado da Casa Branca. Carter instalou 32 painéis solares térmicos em 1979, durante uma crise do petróleo gerada por más relações com o Irão, país produtor de petróleo.
Ronald Reagan, o seu sucessor republicano, mandou retirar os painéis solares durante obras de reparações. Desde então, o telhado do edifício mais famoso do país tem estado sem painéis. Apesar disso, em 2003, o antigo Presidente George W. Bush colocou alguns painéis numa casa de apoio para gerarem energia para o espaço exterior e ajudar a aquecer a piscina.
No mês passado, o activista ambiental e autor Bill McKibben – responsável pelo movimento 350.org - levou um grupo de estudantes do Maine numa carrinha movida a biodiesel para transportar até à Casa Branca um dos painéis solares originais instalados por Carter. O grupo desafiou Obama a reinstalar o painel, que ainda funciona, mas não conseguiu uma resposta positiva.
McKibben já saudou a decisão de Obama. "São muito boas notícias. Ele ouviu o povo norte-americano, que claramente quer mais avanços no campo da energia do que aqueles que um congresso paralizado tem conseguido", disse, citado pelo jornal "The Guardian". O responsável considera que a decisão poderá promover a energia renovável assim como a horta de Michelle Obama promoveu a venda de sementes. “Pode funcionar como um rastilho para a instalação de painéis solares por todo o país e no mundo”, acrescentou.
"Obviamente que os painéis solares numa casa, mesmo nesta casa, não vão salvar o clima. Mas são um símbolo poderoso para todo o país sobre onde está o futuro. E o Presidente vai acordar todas as manhãs e fazer a sua torrada com a luz do Sol, lembrando-lhe para pressionar o avanço das reformas de que precisamos".
Movimento marca acção climática em 180 países
O anúncio da administração Obama surge a uma semana do movimento global 10/10/10, que será celebrado por todo o mundo este domingo, levando os cidadãos a mostrar aos políticos que podem ter um impacto positivo no clima. Com mais de sete mil eventos em 180 países, a iniciativa 10/10/10 Global Work Party pretende ser o maior dia de acção climática de sempre. Um dos participantes é o Presidente das Maldivas Mohamed Nasheed, que vai instalar painéis solares na sua casa.
"Com o recente sucesso em conseguir painéis solares na Casa Branca estamos muito optimistas sobre o impacto que as acções positivas dos cidadãos no Global Work Party terão a inspirar os políticos", comentou Evandro Oliveira, porta-voz para a Europa do movimento 350.org. Esta rede, com profissionais a trabalhar em 15 países, defende as 350 partes por milhão, porque é o nível considerado seguro de concentração máxima de CO2 na atmosfera para que seja possível manter o aumento da temperatura global do planeta abaixo dos 2ºC. A actual concentração é de 390 partes por milhão CO2.
"Mas este movimento é muito mais do que um dia de acção. É sobre reunir as pessoas para encontrarem soluções nas suas comunidades e dar-lhes o poder para implementarem essas soluções", explicou Evandro Oliveira.
Portugal, com mais de 60 acções inscritas, é um dos 45 países da Europa que vão participar.
Fonte: reuters 06/10
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