sábado, 30 de julho de 2011

Coppe-UFRJ quer tropicalizar aerogeradores chineses

A cooperação firmada entre o Brasil e a China, por meio do Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia, poderá resultar em benefícios para o Brasil especialmente na área de energias renováveis. A opinião é do diretor de Tecnologia e Inovação da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), Segen Estefen. O especialista participou nesta quarta-feira (27/7) de evento realizado pelo Centro China-Brasil na Cidade Universitária, no Rio de Janeiro.
O Centro China-Brasil é fruto de parceria entre a Coppe e a Universidade de Tsinghua, principal universidade chinesa na área de engenharia. O centro tem por objetivo formular estratégias e ações para subsidiar decisões dos dois governos nas áreas de energia e de meio ambiente.
Estefen destacou que a China vem exercendo liderança na área de tecnologias renováveis, sobretudo em função do baixo custo de produção no país, o que torna grandes as oportunidades de transferência de tecnologia para o Brasil, principalmente em aerogeradores, na parte de energia eólica, e em painéis solares fotovoltaicos.
“Nesse contexto, a Coppe busca uma parceria, na qual nós poderíamos contribuir no avanço dessas tecnologias mas, ao mesmo tempo, trabalhar as tecnologias para a realidade brasileira, para que elas sejam mais eficientes para as condições do Brasil", adiantou Estefen. Segundo ele, a Coppe deve assinar nos próximos dias um acordo com uma grande empresa chinesa fabricante de aerogeradores, “dentro da possibilidade de o Brasil tropicalizar esses equipamentos".
De acordo com Segen Estefen, a ideia é trabalhar com os chineses naquilo em que eles estão desenvolvidos, mas sempre voltado para a aplicação no Brasil. Avaliou que o país deve aproveitar a dinâmica de crescimento econômico da China “e tentar tirar algum benefício, e não confrontar a capacidade deles de produção”. Segundo o diretor da Coppe, dificilmente, o Brasil poderá concorrer com os chineses em termos de produção. “Mas podemos contribuir para o aprimoramento da tecnologia e dividir com eles a propriedade de alguns desenvolvimentos tecnológicos”.
A cooperação bilateral entre a Coppe e a Universidade de Tsinghua poderá resultar, na prática, em transferência de tecnologia brasileira para a China e chinesa para o Brasil. “Um dos objetivos é esse. Mas não só transferir. É nós acharmos alguns pontos de convergência onde a experiência nossa possa se agregar à experiência deles”.
Estefen afirma que, apesar dos chineses estarem mais avançados em tecnologia para energia solar e eólica, o país asiático poderá se beneficiar da tecnologia da Coppe, que desenvolve um trabalho de geração de energia a partir de ondas e marés. Para ele, os chineses reconhecem também a supremacia brasileira na tecnologia para produção de petróleo em águas profundas.
“O que nós queremos é que esse centro em Tsinghua seja aglutinador de iniciativas que nós tenhamos com outras universidades da China”. Estefen assegurou que o Brasil não pode ficar alheio ao que ocorre no Oriente. “A China hoje é um vetor muito importante na ordem mundial. E quem não estiver de certa forma interagindo com a China, tende a ficar alienado desse movimento mundial”.
Fonte: Jornal da Energia 28/07

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