quinta-feira, 7 de julho de 2011

Líder global cobra protagonismo do Brasil, e diz que País pode ter matriz 50% eólica

Num país tomado por geração hidráulica de norte a sul do território, parece distante imaginar outro recurso fazendo frente ao domínio da fonte na matriz energética nacional. Mas, para o secretário-geral da World Wind Energy Association (WWEA), Stefan Gsanger, a otimização das atuais hidrelétricas combinada à implantação de parques eólicos pode resultar num sistema praticamente dividido entre energia proveniente das águas e dos ventos.
“Talvez tenhamos no futuro 50% de hidráulicas e 50% de eólicas, num sistema muito fácil de se administrar. Trabalhamos junto das hidrelétricas, entendemos os novos projetos, mas o potencial é muito mais limitado que o eólico. Em países como o Brasil, emergente, o consumo vai crescer muito, e o País pode melhorar as hidrelétricas que já existem, sem aumentar tanto a geração dessa fonte, adicionando e ligando às novas eólicas”, afirmou o executivo ao Jornal da Energia após a abertura do All About Energy, em Fortaleza, Ceará, na noite desta quarta-feira (06/07).
Gsanger, que visitou a usina de Itaipu há alguns anos, acredita que o aproveitamento hidráulico brasileiro ainda não está pronto para ter a geração devidamente interligada com a eólica. Essa melhoria poderá, segundo o executivo, deixar mais claro o rumo da expansão da matriz, sem necessariamente dedicar a maior parte das atenções aos novos grandes projetos de hidrelétricas, como os aproveitamentos dos rios Xingu e Madeira.
Sobre o preço dos parques eólicos – surpreendentemente baixos no primeiro leilão específico da fonte, em 2009, e agora uma nova incógnita, já que investidores acreditam ter chegado ao limite mínimo -, Gsanger vê a situação do Brasil parecida com a do Reino Unido. Há dez anos, os britânicos se viram em dificuldade de melhorar os projetos depois de iniciar a expansão eólica com valores muito competitivos.
Para o especialista, porém, os preços podem ainda baixar, principalmente pela nova geração das fábricas do segmento. “A China, por exemplo, está sendo capaz de oferecer tecnologia muito barata”, ressalta. Além disso, apesar de entender “a preocupação das empresas em afirmarem que será complicado continuar com esses preços”, Gsanger diz ser fundamental um programa de investimentos de longo prazo, contínuos, já que nenhum negócio sobrevive com retornos baixos ou até mínimos.
Por fim, o secretário da WWEA reforçou as palavras que marcaram o tom de sua apresentação na mesa que abriu o evento de energias renováveis. “Vocês, com a nossa ajuda, têm de liderar o movimento. Serem protagonistas na integração das políticas de energia na região, como já fazem num estágio mais avançado a Europa e a China”, disse, pouco depois de discurso que acabou abafado pela maciça presença de políticos da região na cerimônia, cuja saída do centro de convenções tirou os holofotes de uma das mais influentes vozes do setor eólico em todo o planeta.
Fonte: Jornal da Energia 07/07

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