sábado, 18 de fevereiro de 2012

Viabilidade de preços de eólicas nos leilões não é consenso entre agentes

A Bons Ventos, que construiu parques eólicos ainda nos primeiros passos da tecnologia no País, por meio do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), fez um alerta, em tom sério, para agentes do setor que apostam em viabilizar empreendimentos com tarifas nas casas dos R$100 por MWh. Atualizado com base na inflação, a remuneração do Proinfa está hoje na casa dos R$300 por MWh. A CPFL Renováveis, subsidiária da CPFL - que comprou no ano passado a Siif Énergies, que também iniciou os investimentos na época dos projetos pioneiros - é outra a apontar o alto risco dos negócios fechados nos leilões mais recentes.
“Quem passou por diversas dificuldades para colocar parques em operação não arriscou projetos com tarifas nesse patamar que vem se apresentando nos últimos leilões”, disse o diretor financeiro da Bons Ventos, Bernardo Veloso de Souza. Segundo o executivo, se as os preços continuarem como estão, "será uma frustração total para o setor”.
Para André Saretta, superintendente de finança corporativas e relações com investidores da CPFL Renováveis, as tarifas como estão sendo negociadas apertam em muito o retorno para os investidores, não justificando o investimento devido ao alto risco dos empreendimentos. “Quando vimos essa tarifa na casa dos R$100 por MWh decidimos abandonar o leilão e tentar comercializar a energia no mercado livre”, apontou.
Apesar de não ter parques eólicos ainda em operação, a Desenvix Energias Renováveis reforçou o coro e adiantou que não vai participar do A-3 deste ano, marcado para 22 março. “O risco é muito grande. Chega a ser temerário”, reforçou o CEO da Desenvix, José Antunes Sobrinho. A empresa, que participou e venceu no primeiro leilão eólico, em 2009, buscou equipamentos e financiamento na China para reduzir custos.
As empresas participaram nesta quarta-feira (15/2) do painel “panorama e estruturas financeiras adotadas em empreendimentos eólicos”, realizado em São Paulo, no Congresso de Financiamento e Investimento para Projetos de Energia (Cofipe), organizado pela IBC. No mesmo evento, porém, o fundo de investimentos Rio Bravo não manifestou preocupação alguma com o atual patamar tarifário da energia dos ventos.
Co-gestor do fundo, que tem 570MW contratados nos últimos certames, Sérgio Guimarães de Melo Brandão vê com normalidade o cenário. “Não é que o preço é baixo. É que os custos dos equipamentos estão melhores. Se você conseguir negociar o preço dos equipamentos bem, o valor do MWh fica adequado ao investimento”, amenizou.
Apesar das ressalvas, a CPFL Renováveis confirmou participação no próximo certame de energia nova. A empresa tem em carteira 400MW em projetos eólicos, que demandariam R$1,6 bilhão de investimentos. Atualmente a CPFL Renováveis tem 652MW em operação, 885MW em construção e outros 2.901MW em desenvolvimento. A meta da companhia é chegar em 2021 com 4,5GW em operação.
Já a Desenvix, tem 209MW m operação, 268MW em construção e 1.489MW em carteira, em diversas fontes, enquanto a Bons Ventos tem 157,5MW em capacidade total.
Fonte: Jornal da Energia 16/02

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