sábado, 3 de novembro de 2012

Brasil quer aumentar o uso de derivados de cana de 18% para 22% até 2020

O Brasil pretende reduzir a participação dos derivados depetróleo na sua matriz energética dos atuais 37,8% (dados mais recentes de 2010) para 30,4% e ampliar o uso dos produtos da cana-de-açúcar de 17,7% para 21,8%. “Estamos adotando políticas que incentivam a redução do uso de derivados de petróleo”, disse nesta terça-feira (30/10) o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, durante o 7º Congresso Internacional de Bioenergia. O evento, que acontece até a próxima quinta-feira (1º/11), em São Paulo, reúne especialistas nacionais e internacionais para discutir os caminhos na produção de energias renováveis.
A dependência do Brasil em relação à oferta interna de energia saiu dos 45% no final da década de 1970, quando chegou no auge em meio a uma das crises do petróleo, para 8% em 2010, de acordo com Ventura Filho. Hoje, 86% da energia no país vem de fontes renováveis (74,3% de hidro). A meta do ministério, de acordo com o secretário, é aumentar esse índice para 88% até 2020, que ainda é algo bem superior aos 18% do índice mundial.
Segundo o ex-ministro do Meio Ambiente e professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, José Goldemberg, apenas 13% da energia consumida no mundo é renovável, dos quais 8% vem de biomassa usada de forma primitiva, como é o caso da exploração de florestas na África, continente que ele considera “a América Latina de 50 anos atrás”. Em 2010, um terço dos investimentos mundiais feitos em energia foram destinados as de fontes renováveis.
“É preciso ter consciência de que, no início, as energias renováveis não são competitivas comercialmente, mas trazem outras vantagens que devem ser levadas em conta. Quando começou a produção de etanol, o custo era três vezes maior que o da gasolina, mas depois isso caiu”, explica Goldemberg.
De acordo com ele, o Brasil tem uma vocação natural para a produção de produtos do tipo de cana-de-açúcar, mas há outras fontes de biomassa que o país ainda não aprendeu a usar, como o lixo urbano. “Cerca de 60% do nosso lixo é biomassa e cada ser humano produz, em média, um quilo de lixo por dia. A gente tem que aprender a usar essa biomassa, mas é algo que ainda está começando”, destaca.
Fonte: Globo Rural 30/10

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