segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Situação de eólicas sem transmissão deve se agravar em 2013

Se não bastassem os parques eólicos (622MW) que deveriam estar injetando energia em 2012 - mas não produzem por causa do atraso na transmissão - em 2013, outros 1,4 mil MW devem agravar ainda mais essa situação. Isso porque os sistemas de transmissão responsáveis por escoar a energia de 50 usinas que apresentam atraso na construção, que podem chegar a 17 meses, segundo o relatório de fiscalização da transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Esses projetos eólicos foram viabilizados em dois leilões realizados em 2010: o de energia reserva e o de fontes alternativas. Portanto, dos 2,1 GW de potência licitados, cerca de 70% correm o risco de não injetar energia no sistema ainda em 2013. Os parques estão localizados nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia.
As Centrais de Conexão Compartilhada (ICGs) funcionam como estações coletoras conectando os parques ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Sendo assim, a ICG João Câmara III (RN) é responsável por conectar a energia de 26 empreendimentos (742,2MW). A construção dessa linha apresenta atraso de 17 meses em relação ao cronograma original. Por sua vez, a ICG Lagoa Nova (RN) responde por oito parques (227,4MW) e está atrasada em oito meses; ICG Ibiapina (CE) responde por cinco projetos (150MW), mas também está oito meses atrasada; ICG Morro do Chapéu (BA) responde por três usinas (90MW) e atraso de seis meses. Por fim, a ICG Igaporá (BA) responde por oito parques (213MW) e está com suas obras atrasadas em 17 meses.
Essas ICGs são de responsabilidade da Chesf, subsidiária do grupo Eletrobras. Já os parques são de empresas como CPFL Renováveis, Dobrevê Energia, Energisa, Impsa, Energimp, Iberdrola, Neoenergia, Renova, entre outras.
Apesar dos atrasos na transmissão, o gerador que comprovar que a usina está pronta para operar, tem garantida a receita prevista para os empreendimentos. No entanto, o consumidor é quem paga a conta, por um projeto que não está produzindo eletricidade para o sistema.
A Chesf, por sua vez, justifica os atrasos alegando acumulo de obras e dificuldade em conseguir licenças ambientais. Impasses com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também contribuem, segundo a empresa, para descompassar os cronogramas.
A criação das ICGs pelo governo vinha no sentido de agilizar o escoamento da energia eólica. Dados aos entraves, porém, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) já fala em descartar o uso de ICGs para novas usinas, ou optar por privilegiar os empreendimentos que já possuem estrutura de transmissão.
Fonte: Jornal da Energia 17/01

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