quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Projeto transforma gases suínos em eletricidade

Os dejetos suínos sempre foram considerados grandes fontes de poluição, mas agora podem se transformar em riqueza. Um projeto tocado em parceria entre a Associação Paranaense de Suinocultores (APS), Itaipu Binacional, Universidade Federal do Paraná e a Copel – Companhia Paranaense de Energia – desenvolve tecnologia para transformar o gás metano proveniente dos dejetos dos animais em energia elétrica. Além de diminuir a emissão de poluentes na atmosfera, a iniciativa pode gerar renda extra ao produtor, já que o excedente de energia não utilizada diretamente poderá ser vendido no mercado.

A captação e transformação do metano em gás carbônico – cerca de 20 vezes menos poluente – através de sua queima não é novidade na suinocultura. Cerca de dois mil produtores brasileiros já contam com biodigestores nas suas propriedades. A relevância do projeto está no desenvolvimento de uma tecnologia economicamente viável para, a partir da queima do gás, gerar eletricidade e distribuí-la na rede elétrica.

A iniciativa é encarada de maneira estratégica para Itaipu Binacional, uma vez que a usina é vizinha próxima da região de maior produção suína do país. “Além de limpar os afluentes, cuja poluição poderia comprometer a geração da usina, a auto-sustentabilidade elétrica da região libera a geradora para destinar sua produção para regiões mais distantes”, diz João Manfio, vice-presidente administrativo da APS.

Aos ganhos que os agricultores terão com a venda de eletricidade, será somada a receita com o comércio de créditos de carbono, pelo chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), previsto no Protocolo de Kyoto. De modo paralelo, o efluente do processo resulta em um biofertilizante rico em nitrogênio, fósforo e potássio, que melhora a produtividade do solo ao mesmo tempo em que diminui a dependência de fertilizantes importados.
“Este projeto é o embrião de uma legítima política pública de desenvolvimento sustentável para o Estado e para o País”, afirma Luiz Antonio Rossafa, diretor de engenharia da Copel. “Ele não apenas melhora a produtividade do solo mas, também, incentiva o cooperativismo entre os produtores, abrindo uma rede de possibilidades de negócios a partir da geração distribuída”.

O aproveitamento dos dejetos de suínos para a geração de energia, em todo o Brasil, poderia alcançar 1 milhão de MWh, o suficiente para atender ao consumo de 4,7 milhões de pessoas. O cálculo é dos pesquisadores José Carlos Libânio, Mauro Márcio Oliveira, Maurício Galinkin e Cícero Bley, autores do livro Agroenergia da Biomassa Residual: perspectivas energéticas, socioeconômicas e ambientais.

fonte: FACESI ONLINE

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