Brasil - A partir desta segunda-feira (17), o brasileiro que produzir a própria energia em casa poderá reivindicar sua integração à rede elétrica comum e terá o valor da conta de luz reduzido. A norma da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é uma aposta do mercado de energia solar para impulsionar o setor, que ainda esbarra no alto custo dos equipamentos.
A expectativa é de que em 2013 a ampliação nas vendas de painéis fotovoltaicos reduza os gastos com a instalação - atualmente, o sistema completo custa, em média, R$ 25 mil.
A ideia é que, no fim do mês, a soma da energia produzida por consumidores e enviada para a rede seja equivalente à quantidade consumida. O valor pago na conta de luz será apenas a diferença - caso haja excedente, a energia produzida a mais será usada como crédito nos meses seguintes. As regras, porém, ficam a critério da concessionária.
A AES Eletropaulo, principal distribuidora da capital paulista, determina que esses créditos sejam usados em até 36 meses. Dessa forma, períodos de muito sol fornecem créditos para serem usados em época de pouca geração. A empresa afirma que começou a atender aos pedidos de acesso dos clientes desde o sábado (15).
"Os benefícios de se gerar energia em casa são diversos", comenta Ricardo Baitelo, coordenador da campanha Clima e Energia do Greenpeace. "Podemos citar a descentralização da geração de energia e redução da dependência de grandes usinas com grandes impactos ao meio ambiente, a diversificação da matriz energética, a redução das perdas de transmissão de eletricidade, e o aproveitamento da energia de maior potencial no mundo, utilizando um espaço ocioso (telhados) e sem produzir ruídos."
Com as diretrizes definidas, o setor espera agora facilidades para atrair interessados.
Como instalar
Para instalar um sistema fotovoltaico em casa é necessário verificar junto a um técnico a viabilidade da geração de energia (se não houver sombreamento do telhado) e o dimensionamento do sistema, a fim de mensurar a quantidade de energia gerada. Uma vez que o sistema estiver instalado, a pessoa deve entrar em contato com a concessionária local e solicitar a conexão e inclusão do sistema à rede.
Todos os equipamentos para a produção de energia solar são importados. Professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o engenheiro eletricista Marcelo Villalva desenvolveu em seu projeto de doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) o primeiro inversor eletrônico nacional para sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica. O aparelho injeta na rede a energia produzida pelas placas e permite o uso simultâneo dos dois sistemas.
Ele explica que, no exterior, a autoprodução de energia residencial é feita em larga escala. "Na Itália, Alemanha e Inglaterra, há subsídios financeiros para quem produz energia limpa. Em alguns Estados americanos, o sistema de crédito de energia já é realidade há muito tempo", afirma Villalva. "O que se espera é que no Brasil, com o grande potencial natural que tem, esse sistema, enfim, deslanche."
Ele estima que o medidor digital para a geração em residências, que será vendido pelas concessionárias, deverá custar entre R$ 200 e R$ 300. "Uma casa normal, de duas pessoas, consome em torno de 250 quilowatts-hora por mês e precisaria de meia dúzia de painéis, com um custo de cerca de R$ 16 mil", calcula Villalva. "Em São Paulo, levaria cerca de oito anos para amortizar o investimento. No interior e outros Estados do Brasil, com maiores níveis de insolação, pode chegar até a três anos." (Com Agência Estado).
Fonte: Uol / Procelinfo 17/12
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